Jorge Moreira da Silva, subsecretário-geral das Nações Unidas, alerta que a movimentação de civis para o sul da Faixa de Gaza é “uma catástrofe humanitária”, em declarações à Renascença.
O diretor-executivo da agência de operações das Nações Unidas, a UNOPS, revela que não há água, nem comida, nem eletricidade naquele território, pelo que é imperioso travar o êxodo dos civis palestinianos na Faixa de Gaza.
“Em primeiro lugar, é preciso libertar os reféns. Em segundo lugar, é preciso travar este ultimato para a evacuação de Gaza. O anúncio feito por Israel tem de ser travado porque, basicamente, isso é uma tragédia anunciada. A situação já era muito frágil na Faixa de Gaza e, com a destruição das infraestruturas, é praticamente impossível que mais de 1 milhão de pessoas se possam deslocar para o sul nestas horas que foram dadas”, afirma o antigo ministro português do ambiente à Renascença, que revela estar em contacto permanente com as equipas da UNOPS no terreno que vão partilhando “relatos impressionantes”.
Moreira da Silva diz ainda que há palestinianos que “já só bebem água imprópria” neste momento na Faixa de Gaza, sustentando a necessidade de abrir um corredor humanitário “ absolutamente essencial para que as pessoas possam ter acesso à água, a energia e a alimentos”.
Agências da ONU também a caminho do Sul de Gaza
Jorge Moreira da Silva revela que a ONU está a dar abrigo a 200 mil pessoas em Gaza. “ Estão neste momento em infraestruturas das Nações Unidas. Estão em escolas, hospitais, centros clínicos, sob proteção das Nações Unidas”, complementa o subsecretário geral da ONU, que fala numa situação de “enorme exigência” para as Nações Unidas, que também já viram morrer funcionários nos últimos dias quando estavam ao serviço das populações.
A agência que Moreira da Silva dirige está presente na Faixa de Gaza onde participa na construção de escolas e hospitais, para além do fornecimento de energia elétrica, através de projetos de energia solar, para além dos combustíveis que trazem do Qatar para Gaza.
“Não estou de modo algum a menorizar a natureza hedionda e brutal dos ataques que foram feitos sobre a população civil de Israel. Mas os civis palestinianos também não podem pagar pelo preço da brutalidade do Hamas e, portanto, é essencial que neste momento prevaleça esta proteção dos civis”, salienta do diretor-executivo da UNOPS para quem os civis “têm de ser sempre protegidos” e não atacados nos conflitos. “As infraestruturas civis têm de ser protegidas.
O apoio humanitário tem de poder ser proporcionado e tem de chegar às populações. Os reféns têm de ser libertados e os civis não podem ser usados como escudos humanos. Estas são as regras que estão na Convenção de Genebra e que fazem parte do direito humanitário.