O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avisa os enfermeiros para a possibilidade de a greve em curso ser incompreendida pela sociedade.
"Uma greve só é verdadeiramente eficaz se conseguir ter uma grande adesão na sociedade", advertiu Marcelo, naquela que é a segunda abordagem da semana ao tema da greve dos enfermeiros cirúrgicos.
Em declarações feitas à saída do Natal dos Hospitais, no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão, em Cascais, Marcelo insistiu na necessidade de haver equilíbrio entre os interesse em jogo: "Quem conduz um processo, que dura meses e meses e meses, vai em cada momento pondo num prato da balança a justiça daquilo que reivindica e no outro prato da balança os custos sociais para milhares de portugueses das consequências da greve.”
O Presidente da República acrescentou que “vale a pena”
fazer a avaliação “quando começa a pesar mais aquilo que é, no fundo, o
sofrimento de muitas pessoas e a preocupação da sociedade”.
"É uma greve muito longa, de muitos meses, que atinge muitos
milhares de portugueses, muitos milhares de cirurgias, operações, muitos
milhares de pessoas com problemas concretos de saúde. Aquilo que eu penso é
que, certamente, quem conduz a greve tem presente que uma greve só é
verdadeiramente eficaz se conseguir ter uma grande adesão na sociedade."
A greve teve início a 22 de novembro e terminará a 31 de dezembro. Foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) e está a decorrer nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.
Por sua vez, a ministra da Saúde disse na noite de quinta-feira, na RTP, que, nos próximos dias, ficará definido o programa de reagendamento das cinco mil operações canceladas, por causa da greve dos enfermeiros.