O Natal deste ano, marcado pela pandemia, “é diferente, mas até pode ser melhor”, disse o patriarca de Lisboa, na sua habitual Mensagem de Natal transmitida esta noite na rádio e televisão. Apesar das restrições especiais na maneira de celebrar e festejar o Natal, D. Manuel Clemente considera que, “talvez isso também nos possa chamar a atenção para o que é essencial”.
O cardeal patriarca não esquece os que, de forma direta e indireta, sofrem as consequências da Covid-19 e saúda os que estão “na primeira linha do combate”, “no sistema de saúde, nas famílias e em tantas outras instâncias onde se procura responder a tão grande desafio”.
Para o patriarca de Lisboa, é importante retomar a originalidade do Natal, bem como o “significado autêntico do que aconteceu em Belém e que celebramos a cada 25 de dezembro” porque “também responde à atual situação que a pandemia nos trouxe, com tantas consequências, não só no campo da saúde, com a sobrecarga do nosso sistema para responder a um desafio tão grande, mas em todo o lado: no emprego, na escola, no desporto, na cultura... São circunstâncias tão especiais que agora nos tocam”.
Mas, o que aconteceu em Belém, “sendo, aparentemente, tão pouco (um menino que nasce, num sítio tão pobre, como era uma gruta, como era um presépio) mostra-nos o modo divino de ser e acontecer neste mundo”, explica o Patriarca. E esta realidade ensina aos “crentes e não crentes”, que “para respondermos a grandes desafios, temos que começar pelas pequenas coisas. É do pouco que se vai ao muito, é do perto que se vai ao longe, é do pequeno que se vai ao grande.”
É uma lição a reter, “em cada família, em cada estabelecimento de saúde, em cada lugar de ensino, em cada mundo empresarial, em cada comunidade, seja onde for: para respondermos a grandes desafios, comecemos por aquilo que é mais pequeno e que é mais próximo, em cada pessoa que se apresenta, em cada problema que temos que enfrentar.”
Neste sentido, D. Manuel Clemente deixa um conselho realista. “Não nos deixemos alienar por aquilo que não podemos fazer e respondamos, desde já, como acreditamos que Deus nos respondeu: no Menino que nasce, em tudo aquilo que é mais concreto, mais simples e mais imediato. Porque é exatamente essa a porta que se abre. A porta para o futuro está em cada presente. E o Natal diz-nos isso mesmo: é a maneira convicta, sincera como nós respondemos ao problema de quem está diante de nós. E pode ser na nossa casa ou em qualquer outro local onde passemos o dia-a-dia. Responde-se exatamente aí e, assim, abre-se uma porta para o futuro.”
E conclui: “Assim aconteceu há dois mil anos e essa porta nunca mais se fechou.”