O peso do turismo na economia de Castelo Branco ainda é pouco significativo, mas o município está apostado em mudar essa realidade e mostrar que há muitos motivos de interesse que justificam a visita de turistas nacionais e estrangeiros. Por isso, a Câmara vai aproveitar a BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa - para lançar uma "app", a "CB rotas".
Em português, inglês e espanhol, há dez propostas de roteiros temáticos para todo o tipo de idades e interesses: natureza, património, lazer, desportos radicais, museus, artes e ofícios, nomeadamente o bordado de Castelo Branco. Para fazer, de preferência, em diversas visitas e que afirmam o slogan "Bordar e Receber". Há propostas que integram várias rotas.
A cidade beirã tem apenas duas unidades hoteleiras, mas há outras alternativas de alojamento local ou turismo rural nas diferentes freguesias. Ainda assim, o presidente da autarquia, Leopoldo Rodrigues, espera ter um terceiro hotel no centro de Castelo Branco a curto prazo. Tal como um novo espaço para a coleção de cerâmica do pintor Manuel Cargaleiro.
1 – Rota Ativa, para quem quer viver a natureza
Um passeio pelo Parque do Barrocal, que integra o Geoparque Naturtejo é uma boa opção ao ar livre para não quer sair da cidade. Está aberto todo o ano, pode envolver toda a família e ficar o tempo que quiser, dentro do horário em vigor.
A paisagem granítica feita de rochas geradas a cerca de 30 kms de profundidade e construída ao longo de 310 milhões de anos, a flora e fauna abundantes e coloridas marcam os percursos, alguns feitos em caminhos e passadiços que se adaptam às características topográficas do lugar. Carvalhos, sobreiros, azinheiras, giesta branca, rosmaninho, esteva e o codesso dominam a flora exuberante. Coelhos, raposas, texugos, lagartos e outras espécies podem ser avistadas, além das mais de 70 espécies de aves que cruzam o céu. O Observatório dos Abelharucos é um local privilegiado para as observar. Dos vários mirantes espalhados pelo Parque é possível ver toda a cidade e em dias de mais luz, as paisagens para além do rio Ponsul e até à província de Badajoz.
A Rota Ativa inclui ainda mais de uma dúzia de percursos pedestres, mais curtos ou mais longos (de 4,5km a mais de 25km), com diversos graus de dificuldade, à medida da vontade e das capacidades físicas de cada um. Para os adeptos de BTT, há ainda circuitos adaptados a todos os níveis de praticantes.
2 – Rota radical, para quem gosta de emoções fortes
Além dos circuitos de BTT que podem ultrapassar os 50 quilómetros e ter um grau de dificuldade elevado, também é possível experimentar a prática de skate, patins em linha e BMX no Skate Park de Castelo Branco. Ou ir ao Parque Urbano e dar um mergulho nas piscinas, jogar futebol ou praticar atletismo, entre outras atividades.
Para os “aceleras”, Castelo Branco tem há dois anos um Kartódromo, que também inclui pistas de Autocross/Rallycross, um circuito de enduro e uma zona TT, por vezes usadas para competições. Cada vez tem mais procura, não apenas de grupos e famílias (há um baby-kart e karts para crianças até aos 12 anos), mas também de empresas para ações de team building. Em circunstâncias normais, quem quer fazer uma corrida, aluga o kart, mas se quiser, pode trazer o próprio. É o caso de quem vem para treinar.
No primeiro ano, mais de 16 mil pessoas visitaram o kartódromo, especialmente portugueses e espanhóis, mas também holandeses, checos e brasileiros. Este ano, a Escuderia de Castelo Branco, que gere a infraestrutura, espera captar mais visitantes e para ajudar, vai estar na BTL, com um simulador.
3 – Rota Viva, para quem gosta de observar as aves
No perímetro do concelho de castelo Branco é possível observar mais de 160 espécies de aves. Uma parte pode ser vista no Parque do Barrocal, mas para quem quiser ir mais longe, tem dois percursos: um para norte, com a Serra da Gardunha em fundo, até à barragem da albufeira de Santa Águeda ou Marateca onde se encontram diversas espécies associadas ao meio aquático; para sul, o percurso pode ter 90Km e podem avistar-se abutres, águias, grifos e a cegonha-preta. Percursos para fazer a pé, bicicleta ou mesmo de barco, no rio Tejo.
4 – Rota Lazer, para descansar
Esta rota inclui diversos parques urbanos na cidade Castelo Branco, assim como jardins, miradouros, piscinas e as praias fluviais de Almaceda e Sesmo, duas aldeias do concelho. Na cidade encontra-se ainda a piscina-praia, muito procurada, especialmente nos meses de verão.
5 – Rota Azeite
O azeite da Beira Baixa é reconhecido como um produto DOP – Denominação de Origem Protegida – produzido a partir das variedades autóctones (azeitona Galega, Bical de Castelo Branco, Cordovil e Cobrançosa). A dar os primeiros passos no Oleoturismo - ainda pouco valorizado em Portugal - a rota dá a conhecer lagares onde se podem provar azeites e produtos complementares, mas de futuro, poderá ser possível, por exemplo, participar na apanha da azeitona. Além de percursos pedestres, quem quiser saber mais sobre a produção desta preciosa gordura natural pode passar pelos Museus Etnográfico e Cultural do Ninho do Açor ou da Lousa.
6 – Rota do Bordado, um percurso pela arte que símbolo de Castelo Branco
Linho e seda são os materiais (já raros) que as poucas bordadeiras ainda em atividade usam para bordar os motivos que têm uma simbologia própria, como a árvore da vida, os pássaros, cravos, rosas, lírios, romãs ou corações, que transformam o Bordado de Castelo Branco num produto único e de luxo. Uma colcha grande pode significar seis meses de trabalho para cinco ou seis mulheres; uma mais pequena, quase o mesmo tempo para duas ou três. Cada uma destas peças é única e acessível apenas aos poucos com poder económico para a adquirir.
“Estamos à espera da concretização de três ou quatro peças grandes para uma personalidade estrangeira, que vai dar muito maior visibilidade e valorizar o bordado de Castelo Branco”, diz o presidente do município, em entrevista à Renascença.
Na visita ao Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, Rosa Gonçalves, bordadeira há mais de 50 anos, desabafa que “é uma pena se esta arte morre nas minhas mãos”, referindo-se ao número cada vez menor de artesãs e à pouca apetência que os mais novos mostram pela atividade.
Leopoldo Rodrigues não está tão pessimista, apesar de admitir que “há poucos jovens a querer fazer Bordado de Castelo Branco”. Considera, por isso, que é preciso mostrar-lhes que esta é uma arte que também pode ser contemporânea, como o provam os trabalhos de vários estilistas (por exemplo, Luís Buchinho ou katty Xiomara) ou as telas de Cristina Rodrigues. “É preciso que se possa afirmar como produto de luxo e ser conhecido noutras latitudes”, diz o presidente da autarquia.
Além do centro de interpretação, a Rota do Bordado inclui o Museu da Seda, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior e a Quinta da Carapalha, onde existe um centro sericícola como cerca de 80 mil bichos-da-seda que produzem anualmente 30 quilos de seda.
A provar que o bordado é a imagem de Castelo Branco, podemos encontrar o símbolo nas calçadas e em edifícios da cidade que adotou o lema Bordar e Receber.
7 – Rota dos Museus, para conhecer o património cultural
Boa parte dos museus deste roteiro estão no centro da cidade e alguns integram também a Rota do Bordado. Mas também é possível visitar o Centro Cultural Contemporâneo, a Casa da Memória da Presença Judaica e o Museu Cargaleiro, atualmente instalado em dois edifícios contíguos.
No mais antigo está uma parte da coleção de cerâmica do pintor português nascido em Vila Velha de Ródão e no mais novo, inaugurado em 2011, há várias obras de Cargaleiro e outros artistas em pintura, cerâmica, escultura, azulejaria e tapeçaria. Fazem parte do acervo da Fundação Manuel Cargaleiro, que tem também mais alguns milhares de peças de cerâmica, atualmente em armazém, uma parte já inventariada.
É para estas peças que a município albicastrense está a procurar um novo espaço de exposição, que deverá ser selecionado em conjunto com o pintor. Não quer dizer que se localize perto dos atuais edifícios do Museu Cargaleiro, revelou à Renascença o presidente da autarquia, Leopoldo Rodrigues. “Em Castelo Branco as coisas não estão muito distantes umas das outras, em 10 minutos se chega a qualquer sítio e o novo museu poderá ir para outra zona da cidade, dando uma oportunidade de maior atração turística a essa área urbanística”.
A Rota dos Museus inclui ainda o Museu dos Têxteis, em Cebolais de Cima, o Museu do Canteiro, em Alcains e o Núcleo Etnográfico de Lousa.
8 – Rota Murais, o elogio da Arte Urbana
Homenagear as gentes de Castelo Branco, as suas artes e ofícios, tradições e a história da região (nomeadamente as invasões francesas ou os 250 anos da cidade) é o propósito das dezenas de murais espalhados pelas diversas freguesias do concelho. Intervenções feitas pelas mãos de diversos muralistas, quase todos portugueses, e que transformam os espaços em museus a céu aberto, interpelando quem passa.
9 – Rota património, uma viagem ao passado
O Jardim do Paço Episcopal é ponto de paragem obrigatória mesmo no centro de Castelo Branco. Considerado um dos mais originais exemplares do estilo barroco em Portugal, impõe-se pela sua monumentalidade. Divide-se em quatro espaços diferentes: entrada, patamar do buxo, jardim alagado e plano superior. O elemento comum é a água e os muitos elementos de estatuária, nomeadamente a representação dos reis das 1ª e 2ª dinastias, além do Conde de Dom Henrique. Na escadaria em frente, desfilam os apóstolos.
Incontornável é o enorme e profundo tanque, no qual se diz que o bispo D.Vicente Ferrer da Rocha, responsável pela remodelação que se mantém no jardim, gostava de andar numa pequena embarcação. Um jardim em que as laranjeiras e limoeiros, acentuam a exuberância, com as cores amarela e laranja.
Na zona histórica de Castelo Branco encontram-se em diversas ruas os portados quinhentistas, a Sé, Igreja de Santo António, a Torre do Relógio e diversos solares.
Nesta rota é impossível esquecer o castelo e as muralhas, no ponto mais alto, de onde é possível ter uma panorâmica sobre toda a cidade e assistir a um pôr do sol deslumbrante.
10 – Rota Artes e Ofícios
A última rota proposta pelo município de Castelo Branco aos visitantes sublinha as diversas artes da zona, como o trabalho com o linho e seda (bordado), os têxteis, o granito (no Museu do Canteiro, em Alcains), da madeira (na Associação Recreativa e Cultural da Viola Beiroa). Inclui também a Fábrica da Criatividade, uma antiga unida industrial de confeção têxtil que foi reconvertida num espaço que alberga diversos artistas e projetos empreendedores na área das indústrias criativas.