O secretário-geral do PS respondeu ao Presidente da República neste sábado de manhã, na intervenção à porta aberta na comissão nacional do PS, dizendo que o Governo está habituado a ajustar-se aos imprevistos que vão surgindo.
“Aquilo que a experiência nos demonstrou, quer entre 2015 e 2019 quer sobretudo a última legislatura com a Covid, é que nós temos capacidade para nos poder ajustar àquilo que são os imprevistos, temos capacidade de ajustar àquilo que são as necessidades de resposta ao imediato a nossa determinação de, por um lado, nunca perdermos de vista os objetivos estratégicos e nunca desistirmos de continuar a sermos capazes de, simultaneamente, responder às exigências do imediato, mas continuar a construir o futuro, porque é para o futuro mesmo que nós temos de governar, é para o futuro que os portugueses nos deram o mandato”, afirmou António Costa.
Na sexta-feira à noite, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que será necessário reapreciar o Orçamento do Estado à medida que a situação internacional for evoluindo. O chefe de Estado afirmou também, numa outra ocasião, que programa do atual Governo não é feito para responder ao curto prazo.
Na intervenção deste sábado de manhã, António Costa confirmou: este programa de Governo está pensado “para toda a legislatura”.
“Quando as oposições nos dizem que o programa de Governo ontem viabilizado na Assembleia da República não é um programa para o curto prazo, temos de dizer 'sim, têm toda a razão, não fizemos um programa do Governo para o curto prazo, fizemos mesmo um programa do Governo para toda a legislatura e para lançar as sementes do futuro que queremos para Portugal e é isso que iremos fazer na execução desse programa’”, reagiu.
Na opinião do secretário-geral do PS, é possível ir aumentando rendimentos e controlar a inflação, mas sem alimentar ilusões.
“Por isso, sim, nós vamos concentrar-nos, no imediato, naquilo que é fundamental, que é procurar controlar, mitigar aquilo que está a ser o aumento dos preços, mas, ao mesmo tempo, vamos prosseguir as nossas políticas de rendimentos que tínhamos definido, tendo em vista a melhoria dos salários, do rendimento disponível das famílias”, garantiu.
“O que não vamos é embarcar em medidas de ilusão onde rapidamente os aumentos são consumidos pela inflação. Porque temos mesmo de travar a inflação e não multiplicá-la numa espiral que depois ninguém sabe como controlar”, acrescentou.
O líder do PS falou ainda num novo ciclo político, considerando necessárias as alterações na própria composição da direção nacional do PS, “de forma a assegurar uma preocupação que tenho e que julgo da maior importância: garantir que, independentemente das responsabilidades que o partido tem na governação ao nível central, municipal e das freguesias, continue a ter a capacidade de poder agir, trabalhar e ser o grande esteiro de ligação entre todos nós socialistas que governam, seja o Governo da República seja a Câmara de Mirandela, e aquilo que é a sociedade portuguesa”.
António Costa justificou assim uma rearrumação no secretariado nacional do PS, o órgão de direção restrita do partido, em que se regista a saída das ex-ministras Alexandra Leitão e Graça Fonseca e a entrada da ministra Ana Catarina Mendes e da deputada do PS Isabel Moreira.