A União Europeia vai apoiar a reconstrução da Ucrânia com 20 mil milhões de euros e reforçar o apoio militar e as sanções contra Moscovo, anunciou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros português, após uma reunião informal em Kiev.
Os chefes da diplomacia dos 27 do bloco europeu reuniram-se esta segunda-feira num encontro informal e preparado sob sigilo, na capital ucraniana, durante o qual, segundo João Gomes Cravinho, se verificou "um consenso político muito forte em relação à necessidade de apoiar a Ucrânia e durante todo o processo que for necessário para retirar as forças russas do território da Ucrânia para que haja paz".
Em declarações à RTP no final da reunião, o governante português adiantou que os representantes da diplomacia da UE falaram de um "apoio financeiro a longo prazo".
Por outro lado, referiu, os países europeus abordaram "aquilo que podem fazer coletivamente em termos de apoio militar", nomeadamente através do reforço do apoio às indústrias de defesa e transferências de equipamentos.
"Estamos a fazê-lo no plano europeu. (...) Há vários países que estão ainda muito ativos nessa matéria", apontou o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português.
Os 27 discutiram também o "reforço de sanções [à Rússia], através de um 11.º pacote, que está agora a ser trabalhado", prosseguiu.
Questionado sobre a Eslováquia, onde o partido populista Direção-social Democracia (Smer-SSD), do antigo primeiro-ministro Robert Fico, que se opõe à ajuda à Ucrânia, venceu as eleições legislativas de sábado, o ministro português disse que vários governantes falaram com o chefe da diplomacia eslovaca.
"Estamos a desenvolver aqui um trabalho, um fundo na ordem dos 20 mil milhões de euros, cinco mil milhões de euros por ano ao longo de quatro anos, para apoiar a reconstrução da Ucrânia", adiantou Gomes Cravinho.
"Estamos à espera da formação do Governo. E de forma serena, acreditamos que haverá continuidade", referiu.
João Gomes Cravinho revelou ainda que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, interveio no encontro informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.
"Estendeu um agradecimento muito sentido a todos os países da União Europeia por aquilo que temos vindo a fazer em apoio à Ucrânia e ao mesmo tempo, alertou para o facto de estarmos ainda no meio de uma guerra e ser necessário continuar esse apoio e houve um grande consenso em relação a essa disponibilidade por parte da União Europeia", descreveu.
Por outro lado, o Presidente Zelensky também abordou "a questão da responsabilização, em última análise, aqueles que são responsáveis pelo crime de agressão devem responder por esse crime", disse ainda o ministro, recordando que Portugal "está muito ativo" no processo de se identificar qual é o tribunal que "melhor corresponde a esse objetivo".
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).