O presidente da autarquia de Manteigas critica as opções que estão a ser tomadas em relação ao combate às chamas. À Renascença, Flávio Massano lamenta que a faixa primária e o estradão de terra - que divide Manteigas do concelho de Covilhã - não tenha sido devidamente aproveitado para extinguir o fogo.
“Havia faixa primária e havia estradas de terra no limite dos dois concelhos. Este estradão e a faixa primária já no concelho de Manteigas, que poderia e deveria ter sido aproveitada para extinguir o fogo ainda no sábado, durante a madrugada, e depois domingo de manhã”, defende.
Diz que tal “não aconteceu e, claro, que a partir desse momento que galgou a faixa primária que estava em condições e que passou o estradão de terra, numa zona plana só de pedras e mato rasteiro, a partir do momento que passou, obviamente sabíamos que íamos ter um desastre em Manteigas e foi isso que se verificou”.
O presidente da autarquia de Manteigas vai mais longe e defende que “no final do incêndio vamos ter que apurar o que é que aconteceu efetivamente, porque essa questão todos os manteiguenses estão a fazê-la, todas as pessoas que que aqui estão já a fizeram e temos que encontrar respostas claramente”.
Ainda segundo o autarca, o incêndio já terá consumido mais de mil hectares do seu concelho, que fica em pleno Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).
“Manteigas [concelho] está totalmente dentro do PNSE. Em termos de área ardida, apesar de ainda não estar totalmente feito o cálculo, estima-se que já arderam mais de mil hectares”, afirmou, entretanto, à agência Lusa.
O autarca sublinhou que o incêndio, em Manteigas “está em fase de rescaldo”.
“Estamos em vigilância. Temos aqui alguns focos de fogo, controlado. São pontos quentes que não podemos deixar reativar. Neste momento está controlado deste lado [Manteigas]”, indicou.
Flávio Massano adiantou ainda que o incêndio tem uma outra frente, que lavra na zona limite entre Manteigas e o concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco.
“O incêndio tem outra frente na zona de Verdelhos (limite entre Manteigas e Covilhã) e as indicações que tenho é que, neste momento, a situação é preocupante. A grande concentração de meios está neste momento do lado de lá [Verdelhos]”, referiu.
Os trabalhos para tentar dominar o incêndio em curso na Serra da Estrela na zona de Manteigas prosseguem. Às 12:25, o incêndio estava a ser combatido por 603 operacionais, apoiados por 179 viaturas e nove meios aéreos.
À Renascença, o comandante da Proteção Civil de Castelo Branco descreve as dificuldades de acesso que estão a complicar o combate ao fogo.
“Neste momento, o incêndio ainda se mantém ativo, com especial preocupação para duas zonas, em particular no vale de Verdelhos, uma zona virada à vertente da Covilhã e outra zona virada, à vertente de Manteigas. São zonas de difícil acesso, onde só é possível trabalhar com meios aéreos e muitas vezes nem os meios apeados é possível colocar lá. São aquelas que nos dão maior preocupação”, revela Francisco Pera Boa, acrescentando que não há habitações em risco.
As chamas na Serra da Estrela levaram ao corte da nacional 338 entre Piornos e Manteigas.
Desde o início do ano já arderam mais de 61 mil hectares, de acordo com a informação atualizada pelo instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.