D. Rui Valério desafia a acolher e acompanhar as vítimas de violência
22-02-2023 - 12:39
 • Olímpia Mairos

O bispo das Forças Armadas e de Segurança destina a renúncia quaresmal “para a Igreja da Ucrânia e para as obras de recuperação do terramoto que ocorreu na Turquia e na Síria, de modo a sermos parte da parábola de amor que sara as feridas da guerra, da fome e das catástrofes”.

O bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Rui Valério, alude na sua mensagem quaresmal à “hora amarga que vivemos” e desafia ao acolhimento e acompanhamento “no coração e na caminhada da vida, todas as irmãs e irmãos que sofrem violência: as que padecem perseguição e a destruição mortal da guerra, e, sobretudo, as vítimas inocentes dos crimes de abusos perpetrados por quem deveria ter sido o rosto da Misericórdia e do amor e só foi carrasco e destruidor”.

O prelado anuncia que o fruto da renúncia quaresmal “é canalizado para a Igreja da Ucrânia e para as obras de recuperação do terramoto que ocorreu na Turquia e na Síria, de modo a sermos parte da parábola de amor que sara as feridas da guerra, da fome e das catástrofes”.

Nesta mensagem, D. Rui Valério lembra que a “Quaresma é por excelência um tempo favorável, oportuno para revisitar aquilo que é estruturalmente significativo para a nossa vida e, consequentemente, para a sociedade”.

“Somos convidados a enriquecer de um novo sentido a nossa ação, desafiados a conferir-lhe um significado de transcendência”, escreve.

Para o bispo das Forças Armadas e de Segurança, temos na Quaresma a “oportunidade para reencontrar, de forma pacífica e serena, as hecatombes da existência, os seus fracassos e suas frustrações”.

“Não aludo apenas a um processo simplesmente terapêutico, mas refiro-me sobretudo às Cinzas, símbolo do início deste tempo de conversão, e à Cruz, sinal doloroso e glorioso que marca o final da caminhada quaresmal. Eis a verdade da vida: não há ressurreição sem morte, nem existe vitória sem sacrifício”, observa.

Segundo o prelado, a “mensagem vibrante da Quaresma pode-se revelar altamente transformadora, na medida em que nos conduz a sermos construtores da vida e de vidas, precisamente a partir e através dos calvários da existência e das suas inúmeras quedas”, mas, para isso, “é necessário que ninguém caminhe sozinho, nem se apoie só nas suas forças e capacidades”.

“Tudo é possível, se feito com Cristo a nosso lado. As cruzes serão gloriosas, se levadas com Ele a nosso lado; as tempestades anquilosas da vida, tornar-se-ão mistérios de ressurreição, se vividas em Cristo. Caso contrário, serão experiências sofredoras, circunstâncias tormentosas, aniquiladoras da pessoa e da sua dignidade, e os ocasos da vida tornar-se-ão pedras de tropeço”, adverte.

Por fim, apela “aos irmãos para que jamais estejam ausentes dos nossos percursos nas estradas da vida”, assinalando que “somos feitos para viver em comunhão, não para o isolamento; e a Quaresma desafia-nos a povoar de solidariedade e partilha essa dimensão vital do nosso ser e da nossa missão”.