A agenda política ficará desta sexta-feira marcada pelas reações à antecipação das eleições para março de 2024, decidida pelo Presidente da República, como forma de ultrapassar a crise política causada pela demissão do primeiro-ministro, António Costa.
Além das reações partidárias previstas, do PCP, BE e Chega, as atenções vão virar-se para a Assembleia da República.
À tarde, está prevista uma audição sobre o Orçamento do Estado de 2024, do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e também arguido no processo judicial em que o nome de António Costa surge associado e levou à sua demissão.
E logo pela manhã, o parlamento começa a reprogramar o calendário de trabalhos até à dissolução.
O gabinete do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, informou que a conferência de líderes, agendada para hoje de manhã, tem como objetivo avaliar o impacto da crise política nos trabalhos parlamentares.
Antes de dissolução, os deputados vão ainda votar o Orçamento do Estado do próximo ano apresentado pelo Governo do PS, que, inicialmente, tinha a votação prevista para dia 29.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o 'data center' de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
Na investigação, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
Segundo a indiciação, a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo 'data center'.
António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.