O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, não concorda com o apelo do Papa Francisco para negociar o fim da guerra na Ucrânia desencadeada pela invasão russa.
"Se queremos uma solução negociada, pacífica e duradoura, a forma de a alcançar é dar apoio militar à Ucrânia", afirmou Stoltenberg.
"Não é altura para falar de rendição dos ucranianos. Isso seria uma tragédia para os ucranianos. Também seria perigoso para todos nós", sublinhou o secretário-geral da NATO.
O Papa Francisco disse, numa entrevista gravada no mês passado, que a Ucrânia deveria ter "a coragem da bandeira branca" para negociar o fim do conflito.
O porta-voz do Kremlin também já reagiu. Considera que o apelo do Papa Francisco para dar inicio a conversações para pôr fim à guerra na Ucrânia é "perfeitamente compreensível".
Dmitry Peskov refere que o Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou repetidamente que a Rússia estava aberta a conversações de paz. "Infelizmente, tanto as declarações do Papa como as repetidas declarações de outras partes, incluindo a nossa, foram recentemente objeto de recusas absolutamente duras", acrescentou.
Biden avisa que paz depende de Moscovo
A Casa Branca também já reagiu ao apelo do Papa Francisco e afirmou que o Presidente norte-americano, Joe Biden, respeita o Santo Padre, mas que a paz depende de Moscovo.
"O Presidente Biden tem um grande respeito pelo Papa Francisco e junta-se a ele nas orações pela paz na Ucrânia, que poderá ser alcançada se a Rússia decidir pôr fim a esta guerra injusta e não provocada e retirar as suas tropas do território soberano da Ucrânia", afirmou um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América citado pela Ansa.
"Infelizmente, continuamos a não ver nenhum sinal de que Moscovo queira acabar com esta guerra e é por isso que estamos empenhados em apoiar Kiev na sua defesa contra a agressão russa", sublinhou o representante do Conselho de Segurança Nacional.
Papa defende negociação
Após a divulgação da entrevista, a Santa Sé esclareceu que o Papa não estava a falar de rendição, mas sim de negociação.
"A nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfamos. Nunca levantaremos outras bandeiras", declarou no domingo o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).
"Quando se trata da bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século XX. Apelo para que evitemos repetir os erros do passado e apoiemos a Ucrânia e o seu povo na sua luta pela vida", acrescentou.
No entanto, o chefe da diplomacia ucraniana disse esperar que Francisco "encontre a oportunidade de fazer uma visita canónica à Ucrânia".
Antes, a embaixada da Ucrânia junto do Vaticano afirmou que durante a Segunda Guerra Mundial "ninguém falou de negociações de paz com Hitler".
"É muito importante ser coerente! Quando falamos da Terceira Guerra Mundial, que estamos a viver, temos de aprender as lições da Segunda Guerra Mundial", escreveu a representação diplomática nas redes sociais, segundo a agência espanhola EFE.
A Turquia ofereceu-se na sexta-feira para acolher uma cimeira de paz entre Kiev e Moscovo durante uma visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Istambul, defendendo a participação de Moscovo.