O comentador da Renascença Henrique Raposo lamenta que a justiça portuguesa mantenha “uma escala temporal chinesa onde tudo se mede em décadas ou séculos”.
O comentário surge a propósito do início da fase de instrução do caso relacionado com o surto de legionella que, há cinco anos, matou 12 pessoas e afetou mais de 400.
Uma vez iniciado a fase de instrução, Henrique Raposo espera que o processo decorra de tal forma que dê algum conforto às pessoas que moram na zona.
“Há uma sensação de desamparo e desespero”, diz Raposo.
“Nunca há culpados, o Estado não se responsabiliza, as empresas não se responsabilizam, há uma sensação de desamparo que, cruzando com a pobreza, cria a um caldo muito propício a um resultado eleitoral chato, para quem acredita na democracia”, acrescenta.
Na mesma linha, Jacinto Lucas Pires lembra a responsabilidade do Estado em garantir “o sentido de segurança e bem-estar que o país merece ter”.
“É fácil criar-se uma sensação de insegurança de que não há regras, que as regras não são cumpridas quando elas existem e isso é uma doença não só para a democracia, mas par aa vida normal das pessoas para o bem-estar coletivo”, afirma o escritor.