Os 15 dias de castigo atribuídos pelo Conselho de Disciplina da FPF a Rúben Amorim podem transformar-se num novo "caso João Palhinha". Ou seja, um eventual recurso do treinador do Sporting pode levar ao cumprimento da decisão para lá da atual época desportiva.
Lúcio Correia, professor de Direito do Desporto, vinca em Bola Branca que a sucessão de casos pode levar a que "um dia ninguém acredite na justiça desportiva, enquanto as sanções não sejam cumpridas na época em que os castigos saem".
Nestas declarações, Lúcio Correia admite que os leões podem entregar recurso para o TAD (Tribunal Arbitral do Desporto) garantindo "o efeito suspensivo" da pena, o que só "será obtido através de uma providência cautelar". Assim sendo, Amorim só será punido após decisão deste órgão, o que poderá não acontecer esta temporada.
Mas, admitindo que isso será possível, Lúcio Correia lembra que os mecanismos legais de defesa não se esgotam no TAD e o treinador leonino pode ainda avançar para o Tribunal Central Administrativo do Sul e, "de recurso em recurso, anda a justiça desportiva". Na senda do que já é conhecido como o "caso Palhinha".
João Palhinha, que viu domingo, em Alvalade, o cartão amarelo que uns defendem ser o fecho de um conjunto de cinco efetivos, mas que outros, como Lúcio Correia, entendem ser "o início de ciclo", ou seja, o sexto amarelo da temporada.
Mais um imbróglio disciplinar que, segundo o professor de Direito do Desporto, "viola o princípio da igualdade entre os jogadores", sendo que o médio leonino irá passar sem sanção, ao contrário de outros.
"Há aqui algo que merece uma profunda reflexão quer no âmbito da justiça desportiva, quer no âmbito da própria construção, porque obviamente a decisão do TAD veio protelar um eventual castigo e pior ainda que deveria ocorrer na presente época desportiva. Mas, como ninguém cumpre com prazos, leva-me a acreditar que estamos perante uma situação muito singela, mas que marcará o futuro da justiça desportiva", concretiza Lúcio Correia.