O coordenador do Observatorio Ibérico de Energia considera que o gasoduto anunciado pela Itália e a Argélia "não entra em conflito" com o gasoduto ibérico, que já conta com a apoio de França e da Alemanha, para distribuir hidrogénio pela Europa.
O projeto privado deverá envolver o fornecimento de gás mas também de hidrogénio, amoníaco e eletricidade.
À Renascença, António Eloy refere que se tratam "de coisas virtuais, que ainda não se concretizaram" e que não podem ser projetadas dessa forma.
"A Argélia não pode fornecer eletricidade por um gasoduto e não pode fornecer hidrogénio, nem amónia, porque não o produz. A Argélia tem a expetativa de em 2035 produzir tanta energia renovável quanto Portugal já produz num trimestre", indica.
O especialista mantém-se cético em relação ao potencial do país africano em conseguir fornecer quantias relevantes para a Itália, no que toca ao hidrogénio verde.
"Se o projeto ibérico for para a frente, o hidrogénio da Argélia já nem entra no mercado, quando for capaz de o produzir", considera.
Por isso, António Eloy vê a conferência de imprensa desta segunda-feira, entre Itália e Argélia, como "mera propaganda".
Por outro lado, admite que a Argélia poderá fornecer gás natural, "embora as suas reservas têm estado a diminuir".
"Agora, o gás natural não se compara minimamente com o projeto ibérico", aponta.
O coordenador do Observatorio Ibérico de Energia defende a exploração do hidrogénio verde enquanto recurso, mas lamenta, ainda, que Portugal "o esteja a fazer à pressa e mal".
"Nunca se fez nenhum investimento substancial. E agora, para aproveitar o PRR, está fazer-se tudo. A pressa é inimiga do bom", critica.