O Montepio arrisca multa pesada por falhas no controlo interno. O Banco de Portugal deduziu acusações contra o banco e contra dois antigos gestores por falhas na fiscalização do branqueamento de capitais - Tomás Correia e Almeida Serra não terão introduzido a tempo procedimentos para controlo de movimentos financeiros ilícitos.
De acordo com a edição desta quarta-feira do jornal “Público”, a infracção pode culminar, em caso de condenação, na aplicação de coimas conjuntas aos dois gestores e à empresa entre 50 mil e cinco milhões de euros.
As irregularidades terão sido detectadas no contexto de uma auditoria forense desencadeada em 2015, pela consultora Deloitte a vários bancos, a pedido da autoridade liderada por Carlos Costa. Nesse procedimento foram identificadas deficiências no sistema de controlo interno do banco Montepio, relacionadas com a prevenção do branqueamento de capitais e o financiamento de terrorismo.
No verão de 2015, Tomás Correia e Almeida Serra deixaram de ter assento nos órgãos sociais do banco, que é desde essa altura presidido por José Félix Morgado. Tomás Correia mantém-se, no entanto, à frente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), a dona da Caixa Económica Montepio Geral.
Um estudo publicado no início deste ano revelou que entre 2012 e 2013, os bancos reportaram 4.420 operações de duvidosa legalidade, confirmando-se que mais de 22% tinham origem em actividades criminosas. Dos 958 processos que ficaram na lista negra, provou-se que 60% estavam associados a fraudes fiscais, 8% tinham origem em receitas do tráfico de droga e 8% em crimes de burla, com o informático a duplicar face aos anos anteriores.