Os Estados Unidos apresentaram esta quinta-feira aos países membros da ONU os destroços e componentes de drones militares iranianos que Washington afirma ter recuperado na Ucrânia e que, para o Pentágono, provam um "aprofundamento" das relações entre Teerão e a Rússia.
É a primeira vez que a Agência de Inteligência da Defesa (DIA) mostra à missão dos Estados Unidos na ONU as carcaças, motores e componentes de drones militares fabricados pelo Irão, incluindo os veículos aéreos não tripulados Shahed 101, Shahed 131 e Shahed 136, que Washington afirma ter "recuperado" do teatro de guerra na Ucrânia.
Na quarta-feira à noite, funcionários da DIA mostraram a quatro jornalistas vários fragmentos e destroços de drones militares suicidas, comparando as aeronaves encontradas no Iraque em 2021 e 2022 com outras que eram "quase idênticas" às encontradas na Ucrânia em 2022.
Os mesmos destroços foram apresentados a representantes de "mais de 40 países" e ao secretariado da ONU, segundo a missão americana.
O Irão, que mantém laços muito estreitos com a Rússia, é acusado há meses pelos países ocidentais de fornecer grandes quantidades de drones, incluindo explosivos, ao exército russo para o ajudar na guerra na Ucrânia, uma acusação que Teerão nega.
Da Síria à Ucrânia, as ligações militares "florescentes" entre a Rússia e o Irão são uma fonte de preocupação para os Estados Unidos, disse um oficial militar americano, o general Alexus Grynkewich, em Abu Dhabi, no final de setembro.
"O aprofundamento das relações russo-iranianas é muito preocupante", disse um analista da DIA em Nova Iorque, acusando o Irão de "mentir" sobre o fornecimento de drones para a "guerra russa" na Ucrânia.
Como já tinha feito publicamente em agosto, em Washington, a DIA exibiu desta vez, perante uma centena de países, a carcaça de um "Shahed 131 utilizado na Ucrânia no outono de 2022, ao lado de um Shahed 131 encontrado no Iraque em 2021".
"Os sistemas têm o mesmo tamanho e forma e foram construídos com materiais e componentes semelhantes", segundo a DIA.
Outra prova, segundo o Pentágono, de que os dois UAV são iranianos é a sua "estrutura em favo de mel" que, segundo outro analista dos serviços secretos militares, é "quase de certeza" a marca registada de Teerão.
Os Estados Unidos também acolheram o seu aliado britânico na sua missão na ONU, cujos funcionários apresentaram à imprensa mísseis e componentes com marcas e números de série iranianos.
Segundo Londres, trata-se de armas iranianas apreendidas no Golfo de Omã e destinadas aos rebeldes Houthi no Iémen.
"Nesta sala, temos uma capacidade militar convencional emblemática do Irão", que "continua a ser uma ameaça desestabilizadora" no Médio Oriente e na Ucrânia, concluiu um elemento da DIA.