​Médicos, enfermeiros e farmacêuticos lançam grito de alerta a Costa
25-03-2020 - 17:45
 • Cristina Nascimento

Bastonários das três ordens profissionais denunciam falta de material, criticam atuação do Governo e alertam para possível falta de profissionais de saúde quando for atingido o pico da pandemia.

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Os bastonários da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Enfermeiros e da Ordem dos Farmacêuticos escreveram uma carta conjunta ao primeiro-ministro, António Costa, a pedir ajuda para fazer faze ao surto de coronavírus no país e a denunciar vários problemas imediatos e futuros.

Na missiva, os profissionais de saúde recordam que "o primeiro caso de Covid-19 em Portugal "foi noticiado no dia 2 de março, o que nos deveria ter proporcionado uma margem de manobra superior à de outros Estados que foram confrontados com o surto mais cedo". No entanto, escrevem, "o Governo, e o Ministério da Saúde em particular, não têm estado a acautelar medidas básicas e que podem comprometer todo o esforço de combate a este surto".

Médicos, enfermeiros e farmacêuticos dizem que "exemplo máximo" é "a escassez de equipamentos de proteção individual". As três ordens garantem que continuam a receber "milhares de relatos de situações muito difíceis que os nossos profissionais de saúde estão a enfrentar no terreno sem estar devidamente acautelada a proteção das suas próprias vidas, dos seus familiares e dos seus doentes".

A falta de material de proteção está a contribuir para que entre "o número de infetados, ou de pessoas colocadas em quarentena por contacto com caso positivo, estejam muitos profissionais de saúde". Temem, por isso, que, quando for atingido o pico da pandemia, não haja nos "hospitais e centros de saúde um número profissionais de saúde suficiente, em virtude de terem adoecido".

"Neste momento são várias as falhas de segurança, faltando desde máscaras, a luvas, fatos de proteção e desinfetantes alcoólicos, o que é extensível à rede de farmácias", especifica a carta.

É preciso testar mais, defendem

Os signatários do documento contestam ainda as indicações dadas pela Direção-Geral da Saúde sobre quais são os pacientes que devem ser sujeitos a testes. "Mesmo nos casos de alto risco de exposição, apenas prevê uma vigilância ativa do profissional, e, só perante febre ou sintomas respiratórios compatíveis com COVID-19, serão iniciados os procedimentos de caso suspeito, como a realização de exames laboratoriais", recordam, considerando que esta é uma "aplicação conservadora dos testes".

Os profissionais de saúde dizem que esta prática "vai em sentido contrário ao que se tem feito em países que têm publicado alguns artigos com os bons resultados no controlo do surto através desta metodologia, como Islândia, Alemanha, algumas zonas de Itália ou Coreia do Sul. Os primeiros dados, agora consolidados, de que a infeção pode ser assintomática em muitos dos cidadãos reforça a importância de testar mais pessoas na fase de mitigação em que nos encontramos".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000.

Em Portugal, foi anunciado esta quarta-feira que há 43 mortes, mais 10 do que na véspera, e 2.995 infeções confirmadas.