O candidato da coligação PS/Livre à presidência da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, considerou esta terça-feira "uma má proposta" a redução de impostos municipais defendida pelo adversário Carlos Moedas para "devolver às pessoas 32 milhões de euros".
Num debate televisivo na TVI e na TVI24, moderado pela jornalista Sara Pinto, o frente a frente entre Fernando Medina e Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança) , candidatos à presidência da Câmara Municipal de Lisboa nas próximas eleições autárquicas, foi marcado pelos temas dos impostos, habitação, mobilidade, transportes públicos e as investigação no departamento municipal do urbanismo.
"Quero ser um político que tem como objetivo, no momento em que vivemos, baixar os impostos às pessoas", apontou o cabeça de lista da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança) à Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, propondo-se a "devolver às pessoas 32 milhões de euros", através da redução de impostos de 2,5% para 5%.
Em resposta, o candidato da coligação Mais Lisboa (PS/Livre) à presidência da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, disse que o município da capital é o que já pratica os impostos mais baixos de toda a Área Metropolitana desde 2012, considerando que a ideia do adversário Carlos Moedas "é uma má proposta".
"Tem a ver com uma questão de estabilidade e segurança financeira do município de Lisboa, custou muito a conquistar, e não abdico de uma câmara bem gerida, com contas certas, equilibrada", declarou o socialista Fernando Medina, atual presidente do executivo, referindo que esse aspeto permitiu libertar recursos para o programa municipal de apoio no combate à pandemia, em que "foram quase 200 milhões de euros em despesa e quase outros tantos em perda de receita que a Câmara de Lisboa teve possibilidade de aguentar sem aumentar a sua dívida, aliás vai diminuir a dívida de novo durante este ano".
O candidato da coligação Mais Lisboa explicou ainda que a não redução dos impostos tem a ver com uma questão de justiça, uma vez que "40% da famílias em Lisboa não pagam IRS, tem rendimentos de tal forma baixos que não pagam IRS".
Em oposição, além da redução dos impostos, o candidato social-democrata Carlos Moedas defendeu a isenção do IMI para todos os jovens até aos 35 anos na compra da primeira habitação em Lisboa com valor até 250 mil euros, indicando que "a habitação é o maior problema na cidade e foi um dos maiores falhanços de Fernando Medina que prometeu 6.000 casas de renda acessível que não fez".
O cabeça de lista da coligação Novos Tempos propõe-se também a intervir na habitação municipal, onde existe "um gravíssimo problema em que as pessoas vivem em casas desumanas, indignas e em que há mais 1.600 fogos da empresa Gebalis que gere essas casas que estão fechadas", assim como na renda acessível, com 2.000 fogos devolutos que vão entrar em concurso público.
O socialista Fernando Medina afirmou que a isenção do IMI para os jovens "não resolve" o problema de acesso à habitação, porque é "um pequeno descontinho relativamente ao preço de casas, que praticamente ninguém na classe média consegue suportar", explicando que uma casa de 250 mil euros precisará de uma entrada de 40, 50 mil euros.
Carlos Moedas revelou que tem conhecimento de "muitas pessoas de classe média que conseguem, para uma casa de 250 mil euros, não só conseguir poupar 20 mil euros para dar de entrada ou com ajudas de familiares e que pagam menos do que a renda acessível", avançando que "um T3 na renda acessível custa 800 euros por mês".
Rejeitando essa afirmação, Fernando Medina informou que "um T3 na renda acessível é 30% do rendimento líquido da família, as pessoas que têm em média 1.100 euros de rendimento pagam 330 euros de renda", acusando o adversário de não conhecer o programa.
Questionados sobre a possibilidade de limitar o valor das rendas para travar a especulação imobiliária, ambos os candidatos recusaram essa ideia.
Sobre as suspeitas do Ministério Público sobre o departamento do urbanismo, em particular sobre o ex-vereador Manuel Salgado, Fernando Medina afastou a possibilidade dos casos em investigações minarem a confiança na sua candidatura, classificando os aproveitamentos políticos como "absolutamente inaceitáveis".
"Não são casos nem casinhos, são temas muitos sérios, em que as pessoas estão cansadas", expôs Carlos Moedas, afirmando que "a democracia implica escrutínio" e a perceção que existe é que "há algo errado neste serviço de Urbanismo".
O candidato da coligação Novos Tempos questionou ainda Fernando Medina sobre a escolha para número 2 na lista à Câmara de Lisboa da arquiteta Inês Lobo que tem um contrato com o município de 800 mil euros e que terá um conflito de interesses a, ao que o socialista assegurou que "sendo eleita vereadora do Urbanismo deixará, obviamente, de ter qualquer atividade de natureza privada [...] nem sequer o seu gabinete de arquitetura terá qualquer relação com mais novos projetos com a Câmara Municipal de Lisboa".