Parada militar na Rússia assinala “Dia da Vitória”
09-05-2022 - 06:00
 • Lusa

As comemorações do 77.º aniversário do fim da II Guerra Mundial vão decorrer em quase 30 cidades russas, mas o ponto alto será o habitual grande desfile militar previsto para Moscovo, seguido do discurso do presidente Putin.

A Rússia comemora, esta segunda-feira o “Dia da Vitória”. A data marca triunfo dos soviéticos sobre a Alemanha nazi, em 1945, e no contexto da atual é esperado um "grande anúncio" por parte do presidente russo após o desfile militar em Moscovo.

Este ano, as comemorações do 9 de maio assumem um simbolismo particular, tendo em conta a “operação militar especial”, segundo a definição do Kremlin, iniciada em 24 de fevereiro na vizinha Ucrânia, com o mundo a aguardar com expectativa e apreensão as palavras que serão proferidas pelo presidente russo, Vladimir Putin, por ocasião da efeméride e que poderão ser determinantes no desenrolar do conflito.

As comemorações do 77.º aniversário do fim da II Guerra Mundial (1939-1945) irão ocorrer em quase 30 cidades russas, mas o ponto alto será o habitual grande desfile militar previsto para Moscovo, através do qual o Kremlin pretende inspirar o povo russo e ao mesmo tempo demonstrar para o exterior o seu poderio bélico.

As celebrações deste ano não vão ter convidados internacionais.

Durante o fim de semana, as autoridades russas realizaram um ensaio geral do desfile que irá contar, segundo o Ministério da Defesa russo, com uma demonstração aérea, com 77 aviões, incluindo o Ilyushin Il-80 (que seria capaz de resistir a um ataque nuclear) e caças MiG-29 que vão sobrevoar a Praça Vermelha e formar a letra Z, que se tornou um símbolo da campanha militar russa na Ucrânia.

Apelo à mobilização?

As comemorações poderão marcar o início da mobilização total de russos para irem combater na Ucrânia, disse à agência Lusa a cientista política ucraniana Nataliia Kasianenko.

"O Kremlin vai falar de desnazificar ainda mais a Ucrânia e fazer este esforço final, sendo necessária a mobilização total da população para terminar o que a Rússia começou a 24 de fevereiro e aniquilar o que chama de fascismo ou nazismo na Ucrânia", explicou.

A cientista política é natural de Carcóvia (Kharkiv), no leste da Ucrânia e a 40 km da fronteira, onde "ninguém acreditava nos relatos vindos do Ocidente que sugeriam que a Rússia ia começar esta guerra". A maioria dos habitantes na região fala russo e mantém ligações familiares extensas na Rússia, como é o caso da família de Kasianenko.

A pé ou em tanques, milhares de militares irão participar na parada, que também vai exibir sistemas de armas de artilharia e de lançamento de mísseis, bem como sistemas de defesa contra mísseis.

Nas últimas semanas, os serviços de informações ocidentais indicaram que o Kremlin gostaria de celebrar este dia com uma importante vitória na guerra na Ucrânia. Os serviços de informação ucranianos chegaram a avançar que Moscovo estaria a preparar uma parada militar em Mariupol, a estratégica cidade portuária do sul da Ucrânia que está sitiada por tropas russas desde o início de março.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou recentemente que esta data não será determinante para o decurso da ofensiva na Ucrânia, indicando na mesma altura que os soldados russos “não vão basear as suas ações numa data específica".