Cunha Rodrigues. É preciso "explicação pública, cabal e urgente" sobre envio de centenas de inspetores para a Madeira
26-01-2024 - 15:58
 • Pedro Mesquita

Por razões imperativas de defesa da democracia e da defesa do Estado de Direito, Cunha Rodrigues quebra o silêncio. Se ainda fosse procurador-geral da República - diz em exclusivo à Renascença - nunca o teria permitido.

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O antigo procurador-geral da República Cunha Rodrigues defende, em declarações à Renascença, uma "explicação pública, cabal e urgente" sobre envio de centenas de inspetores da Polícia Judiciária para realizar buscas na Madeira.

Cunha Rodrigues quebra o silêncio por razões imperativas de defesa da democracia e do Estado de Direito.

Se ainda fosse procurador-geral da República, Cunha Rodrigues garante que nunca o teria permitido.

Que leitura faz do envio de mais de 200 elementos da Polícia Judiciária para a Madeira, num avião militar, para a realização de buscas?

Eu tenho mantido uma atitude de distanciamento em relação ao funcionamento concreto da justiça, como penso que é meu dever como ex-Procurador-Geral da República. Hoje faço uma exceção por razões imperativas de defesa da democracia e do Estado de direito. Respondendo à sua questão: considero que o envio simultâneo para uma Região Autónoma de centenas de inspetores da Polícia Judiciária, em aviões militares, para a realização de buscas e a deslocação prévia de órgãos de comunicação social não podem ser justificados por motivos comuns de natureza processual e transparência, e exigem uma explicação pública, cabal e urgente. É aquilo que posso dizer.

Diz-me que o faz em nome da defesa da democracia, o que quer dizer com isso?

Quero dizer que há regras da democracia e do Estado de direito que não se circunscrevem a conceitos formais e que exigem substância. Isto é, que respondam a imperativos e a razões que são comuns a democracias liberais.

Mas está em risco a democracia?

Não, não digo que seja risco. Digo é que qualquer evento que cause danos a esse conceito de democracia liberal, é de combater.

Presumo, então, que se fosse Procurador-Geral da República, não permitiria que isto acontecesse.

É evidente que não permitia que isso acontecesse.