O coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, disse à Lusa que a greve de hoje da Função Pública "esteve à altura das expectativas" dos sindicatos, não descartando novas ações de luta antes das eleições legislativas de 30 de janeiro.
"Esteve à altura das expetativas que nós tínhamos. O descontentamento junto dos trabalhadores é enorme e esta greve refletiu isso mesmo", disse à Lusa Sebastião Santana acerca da greve de hoje da Função Pública, quando instado a comentar a adesão à paralisação.
Questionado acerca de um número para a ação de luta dos trabalhadores, o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública disse que "não seria sequer sério" apontar um valor, pois não foi possível estar "em todos os locais de trabalho" no dia de hoje, sendo "impossível saber isso".
Quanto aos setores de atividade e serviços mais afetados, Sebastião Santana referiu-se que estes foram os que "tradicionalmente a população nota que são mais afetados", como "as escolas e a saúde".
"Se bem que houve uma adesão de muitos outros serviços, alguns deles onde até nem é muito habitual haver uma adesão tão forte como a que houve no dia de hoje. É o caso do ensino superior, os guardas prisionais, dos trabalhadores do INEM, por exemplo", adicionou.
O coordenador sindical falou ainda de um outro exemplo concreto: os dez trabalhadores da Biblioteca Nacional, em Lisboa, que segundo Sebastião Santana "teve pela primeira vez a sala de leitura fechada, porque pela primeira vez os trabalhadores de lá fizeram greve".
"Mas isto repetiu-se por múltiplos serviços da Administração Pública que nem sempre têm uma adesão muito forte: desde o Museu dos Coches [em Lisboa] à Loja de Cidadão de Tavira e a um agrupamento de escolas em Guimarães, houve encerramentos um pouco por todo o país", assinalou.
Em termos territoriais, a adesão à greve "foi uma realidade mais ou menos homogénea", destacando Sebastião Santana que "nos grandes centros urbanos se nota mais, porque há uma concentração maior de escolas, hospitais e serviços de Segurança Social".
Sobre novas formas de luta, o sindicalista disse que "os trabalhadores não vão nunca suspender as possibilidades que têm de desenvolver a luta".
"Não temos nenhuma luta agendada para os próximos meses, mas vamos ter que avaliar muito bem aquilo que vai ser a evolução da própria situação política do país e assim que se justifique e que os trabalhadores entendam, com certeza que regressaremos à luta", adiantou.