Preço dos carros mais baratos sobe 40% desde 2019
06-11-2023 - 08:05
 • Lusa

Os cinco maiores fabricantes de automóveis da Europa aumentaram os preços muito acima da inflação acumulada, conclui estudo.

Os cinco maiores fabricantes de automóveis da Europa aumentaram os preços dos modelos mais baratos numa média de 41% desde 2019, "quase o dobro" da taxa de inflação acumulada durante este período, indica um estudo divulgado esta segunda-feira.

Os preços de um Peugeot 208, um Seat Ibiza e um Renault Twingo subiram quase 6 mil euros, um aumento de 37,56%, enquanto os modelos Mercedes Classe A e B aumentaram mais de 10 mil euros (38% e 37%, respetivamente), de acordo com uma nova análise publicada pela organização não-governamental (ONG) ambientalista Transport & Environment (T&E).

Os preços subiram "muito acima" dos níveis de inflação ou do custo das matérias-primas e outros componentes, pelo que os construtores obtiveram "lucros recorde" de 64 mil milhões de euros em 2022 e distribuíram este ano dividendos em ações no valor de 27 mil milhões de euros.

De acordo com os dados analisados, salienta a T&E, esta situação surge numa altura em que os construtores "lutaram para frustrar as novas medidas de poluição, a norma Euro 7, com um custo 200 euros por carro", alegando que "são demasiado caras e vão levar a aumentos de preços incomportáveis".

"Lutaram com unhas e dentes contra tecnologias antipoluição que salvam vidas e que custam apenas 200 euros por carro. É a prova de que, para os fabricantes europeus, o lucro vem sempre antes das pessoas", afirmou a diretora de emissões de veículos e qualidade do ar da T&E, Anna Krajinska.

A Comissão Europeia propôs a norma em 2022, visando reduzir a poluição dos automóveis, carrinhas, autocarros e camiões, para "salvar milhares de vidas ceifadas pela poluição atmosférica" e "melhorar a qualidade do ar" para todos os cidadãos europeus.

No entanto, a indústria automóvel lançou uma campanha contra a medida, com o argumento principal de que era "demasiado caro" e ia tornar os automóveis, especialmente os modelos mais pequenos e mais baratos, incomportáveis para os consumidores.

A ONG ambientalista afirmou que "o Parlamento Europeu tem uma última oportunidade" para atuar "no interesse de todos os europeus e não apenas da indústria automóvel", porque, se não o fizer, até 2035 "serão vendidos mais 100 milhões de automóveis altamente poluentes e estarão nas estradas europeias nas próximas décadas".

Os eurodeputados vão reunir-se em plenário na quarta-feira para uma votação final, antes de iniciarem as negociações com a Comissão Europeia e Conselho Europeu.