O novo bispo auxiliar de Lisboa, D. Rui Gouveia, diz aos meios de comunicação da diocese de Setúbal que a sua nomeação lhe provocou um misto de sentimentos.
O até aqui vigário-geral da diocese de Setúbal revela que, em primeiro lugar, foi invadido por “um sentimento de surpresa por ser inesperado”, a que se seguiu “o segundo sentimento que foi de quase terror”.
“O terceiro sentimento foi lembrar-me muito daquilo que tenho vivido no Advento e esta disponibilidade para ouvirmos Jesus e sermos dele e respondermos com todo o coração”, referiu.
D. Rui Gouveia diz que aceitou “esta nova missão”, certamente perturbado com “tudo o que isto pode fazer”, mas confortado “com toda a esperança que deposito no Nosso Senhor que me chama, e por isso digo 'eis-me aqui'”.
A nomeação do novo bispo auxiliar de Lisboa surge num momento pós-sínodo. Consciente dessa realidade, D. Rui Gouveia promete agir “na comunhão” com o patriarca, D. Rui Valério.
“Creio que a minha posição será muito aquela que tenho tido na minha vida, que é, primeiro, amar aqueles que me são dados e caminharmos juntos e, neste caso concreto, é-me dada neste momento uma nova Igreja para eu missionar, fá-lo-ei como bispo auxiliar na comunhão com o senhor patriarca que presida ao Patriarcado de Lisboa e depois neste corpo que é esta Igreja particular, obviamente que me situarei no meu lugar para nesta comunhão poder caminhar”, sublinha.
D. Rui Gouveia destaca também o facto de ser enviado para Lisboa, diocese que deu origem, há 50 anos, à diocese de Setúbal: “É um sinal, pois Lisboa fundou esta diocese, somos filha de Lisboa e estamos neste ano jubilar dos 50 anos e creio que os vínculos que daqui brotam são vínculos de comunhão e de paz e creio que é um gesto muito bonito e belo de maternidade desta diocese que é o Patriarcado de Lisboa, que nos deu origem e que agora acolhe como bispo auxiliar um padre oriundo desta diocese de Setúbal."
Novo bispo agradece confiança do Papa, do Patriarcado e do cardeal D. Américo
E numa mensagem escrita à Diocese de Setúbal, D. Rui Gouveia reforça a sua disponibilidade para servir a sua nova diocese de Lisboa e volta a referir “o espanto e tremor perante a perspetiva da nova missão”.
“Espanto e tremor por ter que partir e sair da minha casa que é esta diocese. Espanto e tremor por ter que tomar para mim uma nova casa, Lisboa. Porém, com simplicidade e sinceridade, procurando a clarividência da fé, só posso obedecer e agradecer”, pode ler-se na mensagem.
O ainda vigário-geral da diocese de Setúbal agradece “a confiança de Jesus em mim que desta forma renova o meu chamamento de ser Nele sacerdote para sempre” e a “confiança de neste nosso ano jubilar o Papa Francisco e o D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, confiarem-me esta tão honrosa missão na diocese que é nossa Mãe”.
Rui Gouveia agradece, ainda, "a confiança depositada pelo meu bispo, o nosso cardeal D. Américo, assim como os seus antecessores, o D. José Ornelas, atual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o D. Gilberto, que me ordenou presbítero, e o saudoso D. Manuel Martins, o nosso primeiro bispo”.
O novo auxiliar de Lisboa não esquece o clero de Setúbal com quem aprendeu “a amar por mim próprio a Nossa Senhora, a Mãe do Céu e aprendi dela a dizer “sim” a Jesus e a responder-lhe “totus tuus Mariae”.
“Foi convosco que aprendi durante mais de vinte anos a sonhar e a trabalhar pelo anúncio do Reino de Deus num contexto de minoria. Aqui fui por vós alimentado e perdoado. Foi convosco que fui gerado sacerdote, onde aprendi a ter paixão pelo altar, onde aprendi que há gente à espera de Jesus. Foi convosco que aprendi que a miséria humana não é um fatalismo, mas uma oportunidade de esperança para anunciar a Paz, a Justiça e o Perdão da Páscoa de Cristo, nosso Salvador”, reforça.
D. Rui Gouveia diz que “esta é a bela e alegre herança de fé” que leva consigo.
O novo bispo auxiliar de Lisboa deixa também o seu obrigado aos diocesanos de Setúbal e pede-lhes que rezem por si, para que “seja sempre fiel como a Mãe do Céu ao dom que já recebi e que vou receber!”.
“Caros irmãos, em espírito jubilar, partindo, asseguro-vos da minha oração por vós e quero igualmente dar o melhor que aqui recebi, a bênção do altíssimo. Que Deus todo-poderoso vos abençoe, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, remata.
A Ordenação Episcopal de D. Rui Gouveia vai ter lugar na tarde do próximo dia 16 de fevereiro de 2025, Domingo, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa.
[Notícia atualizada às 18h06 de 10 de dezembro de 2024 para acrescentar a data da ordenação episcopal]