O Porto de Setúbal aceita dar contrato a mais 56 estivadores, anunciou esta sexta-feira a Ministra do Mar, no final de mais uma ronda negocial com os representantes sindicais destes trabalhadores, mas os sindicatos não aceitaram o acordo, fazendo novas exigências relativas aos portos de Lisboa e de Leixões.
Ana Paula Vitorino diz que o Governo quer contribuir para reduzir de forma acentuada o número de trabalhadores eventuais no porto de Setúbal: “A situação drasticamente negativa é a do porto de Setúbal, onde existe 78% de eventuais, número que queríamos reduzir substancialmente, aliás ia-se passar a uma taxa muito inferior a esta. O que se pretende é, numa primeira fase, ficar abaixo dos 50%, e depois ir melhorando.”
De acordo com Ana Paula Vitorino, a reunião no Ministério do Mar serviu também para se fazer aproximação de posições ao nível de salários.
Apesar do entendimento, contudo, os estivadores mantêm a paralisação e exigem soluções para os outros portos do país, levando a ministra a comentar que a situação de impasse em Setúbal só não acaba esta sexta-feira por causa da posição dos sindicatos.
Em nota enviada à Renascença, Ana Paula Vitorino diz que “Nestes três dias todas as partes concordaram em alterar o regime laboral no porto de setúbal acabando com a precariedade. Todas as partes concordaram em fixar quadros permanentes e aceitaram as principais condições contratuais. Como concordaram e aceitaram a intervenção da Administração Portuária e do IMT. Conseguimos mesmo garantir que os operadores, publicamente, revissem as suas condições aumentando as vagas inicialmente oferecidas.”
“Perante isto, e objetivamente, não havia razão nenhuma para que os trabalhadores não tivessem a sua situação regularizada já hoje e pudessem passar um natal mais descansado. Mas isso não foi possível. E não foi possível porque os seus representantes em vez de discutirem a situação dos seus trabalhadores de Setúbal preferiram discutir a situação nos portos de Leixões e Sines. Em vez de resolverem o conflito de Setúbal insistem em criar conflitos em portos onde não existem conflitos e onde não têm uma representação significativa”, lê-se ainda.
“Para que fique claro, o governo não pode, nem vai tomar parte numa guerra entre sindicatos. E lamentamos que os trabalhadores de Setúbal estejam a ser utilizados pelos seus representantes como moeda de troca para uma luta de poder sindical”, escreve ainda a ministra, numa nota que não esconde a sua revolta pelo sucedido.