A reunião da bancada parlamentar do PSD desta quinta-feira ficou marcada por muitas críticas dos deputados à direção nacional do partido, a começar pelo facto de cada um dizer uma coisa sobre a forma como o partido votará o Orçamento do Estado para 2019.
Os adjetivos variam, mas as versões coincidem na descrição de uma reunião da bancada parlamentar social-democrata "dura", "tensa", com intervenções "arrasadoras" ou "demolidoras".
O alvo das críticas é que não muda: Rui Rio esteve no centro das críticas dos deputados do PSD, a começar por Hugo Soares.
O ex-líder da bancada parlamentar social-democrata, desta vez, marcou presença e tomou a palavra para criticar a posição da direção do partido em relação ao Orçamento do Estado.
O PSD está a colocar-se na pior situação possível, disse, abrindo espaço ao PCP e ao Bloco de Esquerda para brincarem à oposição e, pior ainda, é o PSD que dá espaço para que António Costa apareça como o "moderado" junto da opinião pública.
Fernando Negrão acabaria por dizer aos deputados que o PSD votará contra o Orçamento, mas cá fora, aos jornalistas, moderou o tom e disse que é para aí que apontam os sinais, embora o documento ainda não seja conhecido.
Segundo os relatos feitos à Renascença, na reunião que decorre sempre à porta fechada, Hugo Soares, "passista" assumido e que foi igualmente número dois do ex-líder parlamentar Luís Montenegro, não deixou passar, também, em claro reação do secretário-geral do PSD à Operação “Tutti Frutti”, que investiga suspeitas de favorecimento a militantes do PSD e do PS.
José Silvano, que não estava na reunião desta quinta-feira, fez questão de dizer que eram factos que reportavam à anterior direção. Um ataque "espúrio", respondeu Hugo Soares, que considerou que o PSD fez uma "OPA" à investigação e conseguiu assim retirar o PS do centro das atenções.
A falta de articulação entre a direção nacional e a bancada parlamentar na votação sobre o projeto do CDS para reduzir o imposto sobre combustíveis também foi alvo de críticas. Duarte Marques foi um dos deputados a questionar Fernando Negrão. O líder parlamentar deu uma resposta curiosa: disse apenas que era "difícil saber onde acaba a autonomia" da direção da bancada parlamentar.