O bispo do Algarve elogiou esta sexta-feira a campanha de Natal da Renascença, que vai ajudar a equipar o Centro Paroquial de Cachopo, na Serra do Caldeirão. D. Manuel Quintas critica "tricas partidárias" em ano com várias eleições e pede "medidas de apoio" aos mais pobres.
A valência acolhe 30 idosos e presta apoio domiciliário, três vezes por dia, a mais 33.
De visita às instalações durante a manhã desta sexta-feira, o prelado destacou a relevância do projeto. “A própria Renascença, com esta iniciativa, contribuiu para diminuir esta distância que tantas vezes nós verificamos aqui no Algarve, entre o litoral e a Serra algarvia”.
Também presente, a secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, assinalou a importância do setor social no interior do país. “Todos estes centros sociais e culturais têm um papel fundamental, acima de tudo nestas zonas do interior, porque são a expressão máxima da organização local das comunidades”, declarou.
A governante sublinhou ainda o papel do diácono Albino Martins, presidente da direção do Centro Paroquial de Cachopo, cujo “dinamismo muito personificado” foi essencial para “conseguir efetivamente andar para a frente, apresentar esta candidatura, mobilizar mundos e fundos para conseguirmos efetivamente todos juntos, Estado central, administração local, apoios de parcerias do setor social, reunir todos os fundos de que precisamos para que passe a haver aqui uma resposta que está em falta”.
"Não dá para adiar mais" a saúde, educação e habitação
Preocupado com as dificuldades que muitos portugueses enfrentam, D. Manuel Quintas lembra que tem alertado as instituições locais para a identificação de famílias com problemas. “Procuramos alertar, sobretudo as comunidades através de grupos sócio caritativos, os vicentinos, as Cáritas paroquiais, também. Para que se tornem mais atentos a estas a estas situações e que procurem envolver a comunidade nas respostas”.
Para o bispo do Algarve, porém, as respostas têm de vir também do poder central. “Tem de ser gente mais de cima, não é? Têm de ser medidas de apoio. Há aqueles que não conseguem satisfazer os encargos bancários, aqueles que não conseguem satisfazer o aumento das rendas, aqueles que vivem de facto momentos com alguma aflição”.
O clérigo admite que algumas situações provocam apreensão. “Como bispo do Algarve devo necessariamente sentir-me próximo destas pessoas, destas famílias, destas instituições, e eu partilho isso e vivo também este problema com alguma angústia”.
Comentando o início de um ano onde várias eleições vão ter lugar, D. Manuel Quintas espera que os políticos não percam tempo com discussões irrelevantes e debatam os reais problemas do país. "Saúde, habitação, a educação também, são assuntos demasiado importantes, que têm a ver com a vida quotidiana de tanta gente, que não dá para adiar mais", sublinhou.
De seguida, D. Manuel Quintas abordou os temas que gostaria de ver discutidos na campanha das eleições legislativas de 10 de março. "Eu gostava, nesta próxima campanha eleitoral, de ouvir propostas concretas, realistas, de resposta a estas situações. Já estamos todos fartos, não falo só como bispo, mas como cidadão, de que estas tricas partidárias se resumam a falar mal uns dos outros".