"Benfica não pode sair prejudicado pela centralização de direitos"
22-05-2023 - 11:33
 • Renascença

Administrador da SAD do Benfica assume preocupação com o valor a distribuir pelos clubes. Liga prevê 300 milhões de euros. Luís Mendes entende que se tratar de uma perspetiva demasiado otimista.

Luís Mendes, administrador da SAD do Benfica, assume preocupação com a centralização dos direitos televisivos da I Liga, prevista para 2027, no sentido em que no horizonte está uma possibilidade que o dirigente não quer ver concretizada.

"A ideia chave é que o Benfica não pode nunca sair prejudicado da negociação centralizada. Na essência, estou de acordo com a ideia, o futuro será esse. Tem de partir do princípio que o Benfica não pode sair prejudicado. Mas claro que queremos redistribuição, queremos diminuir o 'gap' [a diferença] para os que menos recebem, a classe média dos nossos clubes tem de subir. Mas o ponto chave é que o Benfica não pode sair prejudicado", reforça Luís Mendes, na 2.ª Conferência Bola Branca, da Renascença, esta segunda-feira.

O também vice-presidente do Benfica consubstancia a sua preocupação em números. Luís Mendes tem dificuldades em acreditar no valor que a Liga prevê para distribuição pelos clubes.

"Há variáveis que ainda não consegui entender. O estudo da Liga, por um passe de mágica, apresenta 300 milhões para dividir e não consigo entender como lá chegam. A matriz de distribuição não está aprovada e se vai ser representativa da dimensão social do Benfica (...) 300 milhões não me parece [real]. A última discussão sobre centralização que tivemos foi na liga holandesa e foram 80-90 milhões; uma liga que até é mais competitiva que a nossa, num meio socioeconómico mais evoluído que o nosso. Não estou a ver como vamos chegar aos 300", diz o dirigente.

Luís Mendes amplifica a sua preocupação, concluindo que se o Benfica "baixar os valores [de receita], vai perder competitividade". Nesse sentido, o processo é acompanhado com toda atenção pelo clube. A centralização dos direitos televisivos no futebol português está prevista para 2027, mas Pedro Proença, presidente da Liga, já admitiu antecipar o processo. A estratégia passa por nivelar as receitas televisivas, permitindo aos clubes mais pequenos um encaixe maior.

Esta segunda-feira, numa parceria com o IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, o auditório da Renascença recebe a segunda edição desta conferência que, este ano, põe o foco no tema “Talento, Ética e Igualdade no Desporto”. Estes são três valores fundamentais tanto no futebol como nas várias modalidades desportivas que se praticam em Portugal.

Mais de 20 oradores debatem como se descobrem e desenvolvem talentos no Desporto, como se conquista a Igualdade, como tornar o mundo desportivo mais seguro e o que está a mudar no futebol.