​Problemas políticos e financeiros em França
02-12-2024 - 06:00

A dívida pública francesa ultrapassa os 100% de PIB, enquanto o défice orçamental supera 6% do PIB. No plano político, o Presidente Macron não dispõe de uma maioria parlamentar. Quem tem uma maioria na Assembleia Nacional de França é Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita União Nacional. O BCE está preocupado com a possibilidade de a União Europeia estar à beira de uma nova crise da dívida soberana.

Há dias o Presidente Macron visitou a catedral de Notre Dame, que em breve reabrirá ao culto, após um violento incêndio em abril de 2019. Macron exprimiu o voto de que a reabertura da catedral marque “um choque de esperança”. Mas esperança é algo escasso nesta altura em França.

Em França o Presidente da República preside ao Conselho de Ministros; tem, por isso, mais poderes do que, por exemplo, o Presidente da República em Portugal e na maioria das democracias europeias. O problema é que Macron não dispõe no Parlamento de uma maioria que o apoie.

Quem dispõe de uma maioria parlamentar é Marine Le Pen, que em qualquer momento pode derrubar o governo de Michel Barnier. Marine Le Pen pretende ser eleita em 2027 Presidente da República, o que aconselha a evitar uma crise política.

Marine Le Pen é alvo de um processo por se ter financiado invocando empregos alegadamente fictícios. Se for condenada, é possível que não possa ser eleita Presidente de França em 2027. Nesse caso, ficaria com um enorme capital de queixa contra quem a impediu de assumir a presidência.

A situação política em França é, assim, muito frágil, quando a situação económica e financeira do país também inspira cuidados. A dívida pública francesa, que passou os 100% do PIB, já paga juros superiores aos pagos pelo Estado português. Há dias a dívida pública de França pagou juros mais altos do que a dívida pública grega.

O défice orçamental da França já ultrapassa os 6% do PIB francês, ou seja, mais do dobro do permitido pelas regras europeias. O Banco Central Europeu (BCE) alertou para o facto de a União Europeia poder estar à beira de uma nova crise da dívida soberana. Não referiu a França, mas toda a gente percebeu que é a situação francesa que mais preocupa o BCE.