Mais um encosto do presidente do PS ao presidente da República. Depois de esta terça-feira, em declarações à Renascença, Carlos César ter apontado o descuido de Marcelo Rebelo de Sousa na forma como criticou o plano "Mais Habitação" do Governo, onde o classificou como uma "lei cartaz" e "inoperacional", agora o senador socialista assume estar satisfeito com a mudança de tom por parte do Chefe de Estado.
"Foram declarações que fiz ontem, e aliás satisfaz-me a ideia de pensar que aquilo que eu achava que o presidente [da República] devia ter dito anteontem, foi aquilo que disse hoje de manhã", assinala Carlos César, em declarações feitas numa conferência de imprensa a propósito dos 50 anos do Partido Socialista, que se assinalam este ano.
O registo utilizado por Marcelo Rebelo de Sousa foi, segundo o presidente do PS, corrigido esta manhã, quando o Chefe de Estado sugeriu que o plano devia "ir mais longe" e que "ganharia em ser repensado".
Carlos César classifica as novas palavras como "mais apropriadas" para alguém com as funções de presidente da República.
"Achei que as declarações desta manhã tiveram um registo mais apropriado à função presidencial e até pedagógica. Creio aliás que esse registo é o mais útil à estabilidade do país e ao bom governo de Portugal", desfere o senador socialista.
Sobre o plano em si, cunhado pelo Governo como "Mais Habitação", e que tem deixado o executivo isolado no Parlamento, Carlos César preferiu não se pronunciar diretamente, mas assume que há "debilidades" que ainda podem ser corrigidas.
"Acho que há oportunidade, no debate que ainda ocorrerá, de explorar todas as debilidades e virtualidades dessa e de outras propostas do Governo, e dos outros partidos em geral", seca o presidente do Partido Socialista.
50 anos do PS sem Sócrates, com Seguro
A conferência de imprensa, dada a partir do Largo do Rato, sede do PS, teve como intenção divulgar o plano das festas para assinalar o cinquentenário do Partido Socialista, que se assinala no dia 19 de abril deste ano. A série de eventos, debaixo do mote "Um futuro com história", que arranca com uma homenagem nesse dia, no Cemitério dos Prazeres, ao fundador do partido, Mário Soares.
Para 19 de abril está também marcado um jantar no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. No dia 23 de abril, o programa sobe à cidade do Porto, onde o PS vai dar uma "festa popular" no Pavilhão Rosa Mota.
Os 50 anos do Partido Socialista incluem a vinda do chanceler alemão, Olaf Scholz, do presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchez, e de Stefan Lofven, atual presidente do Partido Socialista Europeu e antigo primeiro-ministro sueco.
Sobre as figuras do próprio PS que vão estar presentes nas cerimónias, o presidente dos socialistas, Carlos César, fez saber que os antigos líderes vão ser convidados, mas apenas os que ainda estão filiados ao partido. Isto deixa de fora, José Sócrates, que deixou de ser militante do PS em 2018, acusando o partido de "injustiça" e de se juntar à direita.
"Nós convidamos os secretários-gerais do Partido Socialista que são membros do partido", respondeu Carlos César a uma pergunta dos jornalistas. E não tornou o tema tabu: "Se se refere ao engenheiro José Sócrates, como sabe desligou-se, por sua livre vontade e iniciativa, do Partido Socialista. Não nos compete contrariar ou afrontar essa sua opção", sentencia o presidente do PS.
O antigo primeiro-ministro, José Sócrates está formalmente acusado no âmbito do processo "Operação Marquês" por seis crimes, três de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.