O antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes criticou esta sexta-feira a despesa do Serviço Nacional de Saúde com horas extraordinárias de profissionais de saúde, apontando o dedo à falta de vontade política do Governo na resolução dos problemas.
Em reação à Renascença à notícia de que o SNS já gastou mais de 200 milhões de euros em horas extraordinárias de médicos, o ex-governante diz que, mais tarde ou mais cedo, a situação vai levar a uma rutura.
“A resolução política dos problemas é difícil, então metemos dinheiro em cima dos problemas. Podemos dizer que temos mais 10, 20 mil profissionais, recrutamos mais médicos, mas é um facto que a disfunção interna dos hospitais não tem parado nos últimos anos”, diz, defendendo uma intervenção estrutural do sistema.
O ex-ministro indicou que os custos com horas extraordinárias estão a atingir “valores pré-troika” e Adalberto Campos Fernandes alerta que o dinheiro “não está a ser usado no sítio certo”, concordando com o que Mário Centeno disse na passada quarta-feira.
O governador do Banco de Portugal tinha indicado que “o problema do SNS não é a falta de dinheiro”, aludindo aos números de despesa no Serviço Nacional de Saúde, que subiram de”8,5 mil milhões em 2015 para perto de 15 mil milhões de euros em 2022”.
Segundos dados da Administração Central do Sistema de Saúde, o Estado já pagou mais de 200 milhões de euros em horas extraordinárias a médicos até agosto deste ano, um valor superior ao total do último ano pré-pandemia, em 2019.