Kerry pinta cenário cor-de-rosa da oposição síria
05-09-2013 - 07:59
Descrição “optimista” dos rebeldes foi feita no mesmo dia em que forças islamistas sitiaram uma aldeia histórica cristã, onde ainda se fala a língua de Jesus Cristo.
O secretário de Estado americano, John Kerry, traçou, na passada quarta-feira, uma imagem da oposição síria que especialistas e analistas consideram não corresponder à realidade.
Num discurso que tinha por objectivo convencer os senadores americanos a votar favoravelmente uma intervenção militar americana na Síria, alegadamente para castigar o regime pelo uso de armas químicas contra os seus próprios cidadãos, Kerry disse que os rebeldes são cada vez mais moderados e democráticos.
Segundo Kerry, a oposição ao regime de Bashar al-Assad “define-se, cada vez mais, pela moderação, pela transversalidade dos seus membros, pela adesão ao processo democrático e a uma constituição inclusiva, que proteja as minorias”.
Contudo, esta descrição é vista como “optimista” por muitos especialistas e serviços de informação dos Estados, que têm verificado um aumento da influência de grupos fundamentalistas islamistas entre os opositores ao regime.
Os islamistas, muitos dos quais não são sequer sírios, podem não ser maioritários, mas são os mais bem organizados, disciplinados, armados e financiados.
É, precisamente, este aumento da influência dos islamistas que preocupa as minorias religiosas na Síria, como, por exemplo, os cristãos e os alauitas, que, juntos, formam cerca de 20% da população e têm sido perseguidos e, nalguns casos, massacrados por grupos de rebeldes.
Os islamistas são também responsáveis pelos recentes conflitos com a minoria curda, que levou o Curdistão iraquiano a ameaçar intervir no país.
Perante estes factos, há receio fundamentado de que quaisquer armas enviadas por forças ocidentais para os rebeldes acabem por cair nas mãos dos militantes errados e venham a ser usadas contra os interesses democráticos no futuro.
Aldeia cristã ameaçada
A descrição feita por John Kerry teve lugar precisamente no mesmo dia em que a vila de Maalula foi atacada por rebeldes islamistas.
Maalula é uma vila historicamente cristã e um dos poucos locais onde ainda se fala aramaico, a língua usada por Jesus Cristo.
Um posto de controlo à entrada da aldeia foi atacado, primeiro, por um suicida, num carro armadilhado, e, depois, por rebeldes, que mataram oito soldados do regime.
Num vídeo colocado on-line pelos rebeldes, ouvem-se gritos de “Allahu Akbar”, palavras de ordem típicas de islamistas e que significam “Deus é Grande”, enquanto se filmam os corpos dos soldados.
Uma residente da cidade, contactada pela AFP, contou ao telefone, a partir do mosteiro ortodoxo da vila, que esta é a primeira vez que Maalula é atacada e identificou os rebeldes como pertencentes à Frente al-Nusra, um dos grupos islamistas mais activos entre os opositores do regime.
Num discurso que tinha por objectivo convencer os senadores americanos a votar favoravelmente uma intervenção militar americana na Síria, alegadamente para castigar o regime pelo uso de armas químicas contra os seus próprios cidadãos, Kerry disse que os rebeldes são cada vez mais moderados e democráticos.
Segundo Kerry, a oposição ao regime de Bashar al-Assad “define-se, cada vez mais, pela moderação, pela transversalidade dos seus membros, pela adesão ao processo democrático e a uma constituição inclusiva, que proteja as minorias”.
Contudo, esta descrição é vista como “optimista” por muitos especialistas e serviços de informação dos Estados, que têm verificado um aumento da influência de grupos fundamentalistas islamistas entre os opositores ao regime.
Os islamistas, muitos dos quais não são sequer sírios, podem não ser maioritários, mas são os mais bem organizados, disciplinados, armados e financiados.
É, precisamente, este aumento da influência dos islamistas que preocupa as minorias religiosas na Síria, como, por exemplo, os cristãos e os alauitas, que, juntos, formam cerca de 20% da população e têm sido perseguidos e, nalguns casos, massacrados por grupos de rebeldes.
Os islamistas são também responsáveis pelos recentes conflitos com a minoria curda, que levou o Curdistão iraquiano a ameaçar intervir no país.
Perante estes factos, há receio fundamentado de que quaisquer armas enviadas por forças ocidentais para os rebeldes acabem por cair nas mãos dos militantes errados e venham a ser usadas contra os interesses democráticos no futuro.
Aldeia cristã ameaçada
A descrição feita por John Kerry teve lugar precisamente no mesmo dia em que a vila de Maalula foi atacada por rebeldes islamistas.
Maalula é uma vila historicamente cristã e um dos poucos locais onde ainda se fala aramaico, a língua usada por Jesus Cristo.
Um posto de controlo à entrada da aldeia foi atacado, primeiro, por um suicida, num carro armadilhado, e, depois, por rebeldes, que mataram oito soldados do regime.
Num vídeo colocado on-line pelos rebeldes, ouvem-se gritos de “Allahu Akbar”, palavras de ordem típicas de islamistas e que significam “Deus é Grande”, enquanto se filmam os corpos dos soldados.
Uma residente da cidade, contactada pela AFP, contou ao telefone, a partir do mosteiro ortodoxo da vila, que esta é a primeira vez que Maalula é atacada e identificou os rebeldes como pertencentes à Frente al-Nusra, um dos grupos islamistas mais activos entre os opositores do regime.