Regulador da Saúde denuncia falta de cobertura de serviços de gastroenterologia
21-12-2022 - 12:03
 • Anabela Góis com redação

Relatório da ERS indica que grande parte do interior do país não tem locais onde população possa fazer endoscopias, exame fundamental para detetar as doenças do aparelho digestivo que, em 2021, foram responsáveis por 4,2% das mortes em Portugal.

Continuam a faltar locais para fazer endoscopias pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), seja em unidades públicas ou convencionadas. O alerta foi feito esta quarta-feira pela entidade Reguladora da Saúde (ERS), que considera a situação “preocupante”.

No relatório de monitorização da atividade entre 2019 e o primeiro semestre de 2022, publicado nesta quarta-feira pela ERS, constata-se que a oferta de cuidados de saúde de gastrenterologia está mais concentrada nos concelhos do litoral norte e centro e há dezenas de concelhos sem qualquer oferta, particularmente no interior do país.

Dos 20 concelhos com o mais elevado rácio de óbitos por tumores e outras doenças do aparelho digestivo por 10.000 habitantes, 16 não têm qualquer tipo de oferta deste serviço e estão localizados sobretudo no interior das regiões de saúde Norte, Centro, Alentejo e Algarve.

A ERS – que já tinha alertado para o problema em 2009 – revela também que o sector convencionado com o SNS ainda não conseguiu compensar o elevado número de endoscopias que ficaram por fazer por causa da pandemia.


A nível regional, verifica-se que, em 2021, e apesar de se ter verificado um aumento acentuado do número de atos realizados, nem todas as regiões de saúde retomaram os níveis de atividade pré-pandemia. A região de saúde do Norte destaca-se positivamente em termos de número de atos realizados.

Por outro lado, a região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, apesar de ter apresentado uma taxa de crescimento de 42,2% entre 2020 e 2021, em 2021 ainda não tinha equiparado o número de atos aos realizados em 2019, o mesmo se tendo verificado nas regiões de saúde do Alentejo e do Algarve.

A Entidade Reguladora da Saúde diz que a situação é “preocupante” pois trata-se de um exame muito importante para detetar precocemente as doenças do aparelho digestivo que estão entre as principais causas de morte em Portugal.

Refira-se que as doenças do aparelho digestivo foram responsáveis por 4,2% dos óbitos em 2021, pelo que "a necessidade de prevenção e diagnóstico precoces das doenças do aparelho digestivo (não apenas no caso dos cancros) fazem das técnicas endoscópicas uma abordagem fundamental para o sucesso do tratamento destas patologias."