Continuam a faltar locais para fazer endoscopias pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), seja em unidades públicas ou convencionadas. O alerta foi feito esta quarta-feira pela entidade Reguladora da Saúde (ERS), que considera a situação “preocupante”.
No relatório de monitorização da atividade entre 2019 e o primeiro semestre de 2022, publicado nesta quarta-feira pela ERS, constata-se que a oferta de cuidados de saúde de gastrenterologia está mais concentrada nos concelhos do litoral norte e centro e há dezenas de concelhos sem qualquer oferta, particularmente no interior do país.
Dos 20 concelhos com o mais elevado rácio de óbitos por tumores e outras doenças do aparelho digestivo por 10.000 habitantes, 16 não têm qualquer tipo de oferta deste serviço e estão localizados sobretudo no interior das regiões de saúde Norte, Centro, Alentejo e Algarve.
A ERS – que já tinha alertado para o problema em 2009 – revela também que o sector convencionado com o SNS ainda não conseguiu compensar o elevado número de endoscopias que ficaram por fazer por causa da pandemia.
A nível regional, verifica-se que, em 2021, e apesar de se ter verificado um aumento acentuado do número de atos realizados, nem todas as regiões de saúde retomaram os níveis de atividade pré-pandemia. A região de saúde do Norte destaca-se positivamente em termos de número de atos realizados.
Por outro lado, a região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, apesar de ter apresentado uma taxa de crescimento de 42,2% entre 2020 e 2021, em 2021 ainda não tinha equiparado o número de atos aos realizados em 2019, o mesmo se tendo verificado nas regiões de saúde do Alentejo e do Algarve.
A Entidade Reguladora da Saúde diz que a situação é “preocupante” pois trata-se de um exame muito importante para detetar precocemente as doenças do aparelho digestivo que estão entre as principais causas de morte em Portugal.
Refira-se que as doenças do aparelho digestivo foram responsáveis por 4,2% dos óbitos em 2021, pelo que "a necessidade de prevenção e diagnóstico precoces das doenças do aparelho digestivo (não apenas no caso dos cancros) fazem das técnicas endoscópicas uma abordagem fundamental para o sucesso do tratamento destas patologias."