A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) alerta que as vítimas de violência doméstica são cada vez mais jovens.
Em entrevista à Renascença, Daniel Cotrim, psicólogo e assessor da APAV, diz que “verificamos que, recentemente, há mais jovens a partir dos 25 anos a reportarem casos de violência doméstica. Há 10 anos as idades das vítimas era entre os 45 e 70 anos”.
Dados da PSP e GNR revelam que durante o ano passado houve um total de 30.389 queixas de vítimas de violência doméstica. Um número que não surpreende a APAV.
Desde 2019 que o número de queixas de violência doméstica não era tão elevado, uma realidade que “seria expectável”, defende Daniel Cotrim, psicólogo e assessor técnico da direção da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), em entrevista à Renascença.
Para o psicólogo, o aumento das ocorrências de violência doméstica justifica-se pela “dificuldade que as vítimas tiveram em apresentar denúncias nos anos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia”.
Apesar do aumento registado, a APAV acredita que “ o número de queixas de 2022 não revele uma cifra negra que pode ser sempre maior do que aquilo que são os dados reportados”.
Daniel Cotrim alerta que “o facto do número subir, não quer dizer que exista um aumento da violência, mas sim um aumento da denúncia”.
Para o assessor da APAV, este aumento reflete, em parte, a importância das “campanhas de sensibilização que têm vindo a ser feitas”.
Entre os relatos, as vítimas queixam-se sobretudo de violência psicológica, depois de violência física e, por último, violência sexual, um tipo de agressão “menos declarada”, apesar de Daniel Cotrim defender que “deverá ser tão recorrente como a violência emocional e a violência física”.
O que se verifica, na maior parte dos casos, é “uma escalada da violência muito rápida, ou seja, passa muito depressa da violência psicológica, para a violência física e para a tentativa de homicídio e até para o homicídio”.
Os principais casos nos quais se registam “violência doméstica é no contexto conjugal”, confirma Daniel Cotrim. “Felizmente, o tempo das relações nas quais se verifica algum tipo de agressão, tem diminuído, ou seja, a separação acontece, muitas vezes, entre três a cinco anos após iniciar a violência doméstica”, conta o psicólogo, “um período que tem diminuído”.