O presidente do CDS-PP criticou esta segunda-feira a nomeação de Vítor Fernandes para a liderança do Banco do Fomento, instando o Governo a não escolher para o cargo “amigos dos amigos”.
“Sendo suspeito de ter passado informações a Luís Filipe Vieira quando estava no Novo Banco, não pode haver hesitação do poder político. Vítor Fernandes não tem condições para ficar à frente do Banco de Fomento, nem de liderar a atribuição dos fundos no PRR" (Plano de Recuperação e Resiliência), disse Francisco Rodrigues dos Santos.
O líder do CDS, que esta segunda-feira esteve em Vila do Conde na apresentação das candidaturas autárquicas locais do partido, considerou que a escolha de Vítor Fernandes “põe em causa a credibilidade da instituição e o rigor como vão ser executados estes fundos europeus”, criticando o processo de nomeação.
“O currículo para estar à frente do Banco de fomento, que é um instrumento fundamental para a recuperação económica do nosso país, não pode estar sujeito a redes clientelares e a amigos dos amigos do governo, que mais não querem que sentar-se à mesa dos fundos europeus para tomar a sua alegre refeição”, apontou o dirigente.
Francisco Rodrigues do Santos apontou, ainda, que o Banco de Portugal “tem de rever a idoneidade do líder do Banco de Fomento e a CRESAP chumbar obrigatoriamente o nome de Vítor Fernandes”.
“Compreendo a dificuldade de António Costa pedir ao seu ex-ministro e amigo Mário Centeno, que colocou no banco de Portugal, que reveja a idoneidade do líder do Banco de Fomento. Esta rede ilustra bem o estado em que o PS mergulhou o nosso país”, disse o líder do CDS-PP.
O dirigente centrista também deixou críticas ao plano de distribuição dos fundos europeus provenientes do PRR, e, fazendo uma comparação com outros países, teme “um novo desperdício dos fundos”.
“Quando comparamos o PRR português com o plano da Grécia, reparámos que os gregos vão investir no setor público apenas 30 % dos fundos, enquanto Portugal vai investir 60 %. Mas na Grécia o plano vai criar 4 vezes mais postos de trabalho, e cada emprego custará menos de metade do que em Portugal”, disse Francisco Rodrigues dos Santos.
O presidente do CDS-PP notou “que outros países que decidiram dar prioridade aos empresários e setor económico, viram o PIB crescer, e não diminuir como foi o caso português”.
“Estas notícias são graves e merecem uma reflexão, sobre que espécie de governo temos e o que querem fazer com o dinheiro de todos nos”, concluiu o líder do CDS-PP.
Entretanto, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou esta segunda-feira que o ex-administrador do Novo Banco Vítor Fernandes não vai ser nomeado, para já, para a presidência do Banco de Fomento, depois de ter sido mencionado na operação Cartão Vermelho, que tem Luís Filipe Vieira como arguido.
Em declarações aos jornalistas, Siza Vieira afirmou que vai ser designada "uma administração e um presidente interino dentro da equipa". O governante reagiu, assim, à notícia da auditoria interna que o Novo Banco decidiu fazer à conduta dos gestores e ex-gestores na sequência da operação Cartão Vermelho.
"O que me parece importante nesta altura é proteger o Banco do Fomento de qualquer controvérsia relativamente à idoneidade do seu Conselho de Administração", referiu, adiantando que pediu informações à Procuradoria-Geral da República (PGR).