Miguel Matos, um dos portugueses repatriados da China por causa do surto de coronavírus, defende que a quarentena devia ser obrigatória em Portugal, em nome da saúde pública.
O grupo de 20 pessoas deixou este sábado o Hospital Pulido Valente, em Lisboa, depois de duas semanas de isolamento voluntário e de todos os testes terem dado negativo.
Em declarações à Renascença, Miguel Matos fala de uma sensação de alívio e defende mudanças na lei para tornar obrigatório o isolamento compulsivo em futuras situações do género.
“É uma sensação de alívio muito grande, embora em Portugal a quarentena não seja obrigatória, nós fomos voluntários, mas acho que este exemplo do coronavírus e o nosso exemplo deve alertar as pessoas com poder no nosso país. A lei deveria ser alterada, porque nós tivemos bom-senso, mas no futuro pode haver quem não queira ficar em quarentena. Portanto, por uma questão de saúde pública, mais vale prevenir.”
Miguel Matos diz que tenciona regressar à China, assim que o surto de coronavírus esteja ultrapassado.
“Neste momento, quero desfrutar destas férias forçadas. Depois, quero voltar à China logo que Wuhan volte à normalidade, porque temos lá contrato, temos boas condições. Aconteceu este infortúnio, mas tenho confiança que a China vai conseguir atravessar este momento nada bom”, afirma Miguel Matos.
O grupo de 20 pessoas que terminou este sábado a quarentena pode regressar à sua vida normal, disse a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, em conferência de imprensa.
Graça Freitas destaca o estado de espírito "animado, bem-disposto" destas pessoas, que estava "satisfeitos por terminar o isolamento" e poderem fazer a sua vida sem restrições.
A Direção-Geral da Saúde terá na segunda-feira a lista de todos os hospitais que poderão receber doentes infetados ou com suspeitas de coronavírus, disse Graça Freitas.
"Na segunda-feira teremos a primeira lista de hospitais prontos para receber esses doentes, que tenham quartos de isolamento e de pressão negativa", disse Graça Freitas em conferência de imprensa, na sede da Direção-Geral da Saúde (DGS), em Lisboa, acrescentando que a pressão negativa dos quartos não é um requisito fundamental, mas "desejável" para obstaculizar a saída do vírus do quarto para o resto das instalações hospitalares.