A eurodeputada bloquista Marisa Matias defendeu na sexta-feira o combate da extrema-direita como “tarefa quotidiana” e disse ser fundamental a unidade das esquerdas para resgatar uma democracia “a encolher”, criticando que a direita repita que “os extremos são iguais”.
Na tradicional sessão internacional na véspera da XIII Convenção Nacional do BE, que decorre sábado e domingo em Lisboa, Marisa Matias foi a primeira a subir ao púlpito com um discurso focado no mote deste comício: “o combate pela democracia”.
“Um pouco por toda a parte a democracia está a encolher e é preciso resgatá-la. A esquerda, a unidade das esquerdas, é parte fundamental deste processo de resgate democrático e sabemos bem que a esquerda só cresce quando é alternativa de ideias e de ação”, enfatizou.
Para a dirigente do BE, “combater a extrema-direita converteu-se numa tarefa quotidiana” uma vez que esta “é um caldo de cultura dos discursos do ódio, da desigualdade cruel, da perseguição à democracia e do achincalhamento dos mais pobres e dos mais desprotegidos”.
Apontando que atualmente a “extrema-direita quer disputar o espaço do protesto”, Marisa Matias acusa estes partidos de se fingirem “defensores das preocupações sociais” e de viverem “do descrédito crescente das pessoas e das suas dificuldades”.
“O fascismo é uma minhoca que se entranha na maçã. Ou vem com botas cardadas ou com pezinhos de lã [...] A direita segue-os e tenta ocupar-lhes as ideias e os espaços eleitorais.”
No entanto, na análise da eurodeputada do BE, quando a direita não consegue ocupar o espaço da extrema-direita, alia-se a estes partidos.
“É esta mesma direita sem pudor que repete à exaustão que os extremos são iguais e que a salvação está no centro. Um combate pela democracia passa pela disputa do programa de transformação da sociedade, combate contra as desigualdades, defesa intransigente das liberdades, mas também por demonstrar a falsidade dessas afirmações”, apelou.
Para Marisa Matias, “não é porque uma mentira é repetida vezes sem conta que se transforma em verdade”.
“49 anos depois do 25 de Abril sabemos o difícil que foi, o importante que é o e o imprescindível que será a luta pela conquista e defesa da democracia. É uma luta do tamanho do mundo”, disse.
Marisa Matias apresentou, de forma sucinta, o percurso dos dois convidados internacionais nesta sessão, Guilherme Boulos (PSOL) e Younous Omarjee (France Insoumise), que lhe seguiram no púlpito num comício que termina com a intervenção do também eurodeputado José Gusmão.