O congresso é do PSD, o tema, porém, parece ser o PS. Mais concretamente, o que tem António Costa na cabeça. O primeiro-ministro que, ainda este sábado, pediu uma “maioria estável e duradoura”, pode vir a encontrar-se com uma gigantesca questiúncula em mãos: viabilizar ou não um governo minoritário do PSD? As últimas sondagens dão o PSD a crescer e cada vez mais próximo do PS.
Esta nova “dinâmica” ganhou lastro no 39.º Congresso do PSD. “E se o PSD formar um governo sem maioria absoluta, está o PS disponível para viabilizar os primeiros dois orçamentos de estado do nosso governo? O dr. António Costa tem de responder a isto. E tem de responder porque o dr. Rui Rio já teve ocasião de defender recentemente que o PSD até pode vir a estar disponível para o fazer numa situação contrária”, atirou Luís Montenegro.
Com mais ou menos palavras, Cristóvão Norte, Miguel Poiares Maduro – os dois críticos da atual liderança, recorde-se - repetiram a questão.
O líder da distrital de Faro reiterou que o PS tem a “obrigação” de viabilizar um possível governo sem maioria do PSD, pois o partido social-democrata também o fez no tempo de Marcelo Rebelo de Sousa. “Se o Chega é irreconciliável com o PSD, o PS tem a obrigação de fazer ao PSD, aquilo que o PSD fez ao PS no passado. Porque o PSD viabilizou governos de minoria do PS, porque o PS entendia que era irreconciliável à esquerda”, disse.
Miguel Poiares Maduro formulou a mesma ideia por outras palavras: “O PS assume ou não o compromisso? Os portugueses têm o direito de saber essa resposta.”
Entretanto, Rio já se apropriou da pergunta e também a endereçou a António Costa.
Esta noite, em entrevista à RTP3, o líder do PSD pediu a António Costa “humildade democrática”. “Independentemente do que o doutor António Costa possa ter dito, acho que em nome do interesse nacional, em nome do prestígio da democracia, os partidos que não ganham devem estar disponíveis para negociar - não é para dizer de qualquer maneira voto, nada disso - para negociar no sentido de nós conseguirmos a governabilidade para o país”, atirou.
Segundo Rui Rio, o PS “tem que ser confrontado com isso, não pode andar a fugir e a dizer não sei”. Falta a resposta do primeiro-ministro, pois Rio já respondeu.
Se estiver em causa a estabilidade e governabilidade do país, o líder do PSD está disponível para um acordo parlamentar com o PS que viabilize “pelo menos metade da legislatura”. “Seria mais sensato. E depois fazer um balanço ao fim de dois anos”, disse, em entrevista à Antena 1 em novembro.