Com lápis de cor azul, vermelho e branco pintam na cara uns dos outros as cores do grupo “para estar bem representados” - são o grupo de jovens da Sé de Lamego.
Às sete da manhã saíram rumo a Lisboa, foram cinco horas de viagem para “voltar a viver o espírito da jornada”. Quem o diz é a jovem Lara Santos, de 19 anos, que relembra com um brilho no olhar aquilo que viveu na semana da Jornada Mundial da Juventude (JMJ2023).
Um ano depois da JMJ, o Parque das Nações em Lisboa recebe este fim-de-semana o Rejoice!. O Festival da Juventude, este ano, integrou o Festival da Canção Cristã que contou com 15 bandas a concurso.
A minutos da abertura do encontro, Lara Santos admite que o que mais anseia é “o festival da canção e a vitória”. O grupo de jovens de Lamego foi o vencedor da última edição. O que mais querem a seguir à vitória é “levar o festival para Lamego”.
Calças pretas e camisa branca é o segredo para vencerem, “funcionou no último e por isso, o 'dress code' é igual ao último festival”. Os jovens de Lamego estão ansiosos por apresentarem a sua música original “Pedaço de ti” que começaram a escrever em conjunto, no mês de janeiro. João Pedro, membro da banda que vai a concurso, explica que o nome está relacionado com o tema do ano pastoral que tem a ver com a experiência da Jornada Mundial da Juventude: “Recolhei os pedaços que sobrarem”.
Voz, teclado, cajon, guitarra, baixo e flauta são os instrumentos que trouxeram para tentar vencer o festival. Ainda antes do check-in o grupo ainda não sente nervosismo, mas admitem que quando chegarem à zona dos camarins e começarem a ouvir as músicas, “talvez aperte um bocadinho”.
Antes de subir a palco os jovens de Lamego afinam as vozes. Ouça aqui.
A poucos minutos da abertura do Encontro Nacional da Juventude, na “front line” estão os jovens do grupo “mensageiros” de Viseu. Gostam de “ouvir tecno” e aguardam a atuação do Dj Padre Guilherme. Para o Rejoice! esperam a “mesma alegria que houve nas jornadas”. O grupo com jovens entre os 15 e 20 anos está a juntar dinheiro para o Jubileu em Roma em 2025 - “vendemos rifas, fazemos excursões, bolos para vender”.
A jogar cartas enquanto aguardam a abertura está o grupo “Chama jovem” da comunidade do Adro, Canelas, em Vila Nova de Gaia. “Mal abriram as inscrições” inscreveram-se no encontro. Beatriz Oliveira tem 16 anos e espera “relembrar momentos da Jornada”. “Dormi bem, no chão, nas pedras. Foi muito divertido estar uma semana com toda a gente”, acrescentou.
Também a aguardar a abertura estão sete jovens do Algarve, que esperam “um reencontro com os jovens, com a Igreja e com tudo o que” viveram “numa semana inesquecível”. Para o Jubileu já começaram a “tratar do processo” e a Coreia é “um talvez”.
São jovens de norte a sul do país, mas até as ilhas estão representadas neste encontro. Da Madeira vieram 27 jovens que juntaram dinheiro para ir ao continente. “Fizemos atividades e concertos”. Chegaram este sábado de madrugada, e dizem ter dormido “muito pouco”.
Vieram ao Rejoice! para participar no Festival da Canção. “É uma boa oportunidade de mostrar aquilo que somos capazes”.
Para alguns é a primeira vez no continente, como é o caso do pequeno Salvador, o mais novo do grupo. Tem apenas 10 anos e numa palavra diz que espera que o encontro seja “divertido”.
De bem mais perto são os 28 jovens da comunidade de S. José do Casal de Mira, na Amadora. Fizeram questão de tirar uma fotografia com o patriarca de Lisboa. Sobre o encontro dizem ser "importante que aconteça, para que este espírito que nos guia ilumine os jovens para que nunca desistam de ter fé”.
Maria Henriques e Afonso também estiveram na JMJ. Afonso lembra que a participação neste tipo de encontros “é importante”. “Às vezes os jovens não sabem que existem muitos cristãos, muitos são jovens, e precisamos deste apoio para que saibamos que temos muita gente nesta religião”, explicou.
O relógio bate as três da tarde e começa a abertura, no palco está o padre DJ que acordou a JMJ. “E salta padre!” ouve-se da plateia em coro. O fogo que serve de pirotecnia acende a chama daqueles que ouvem o padre Guilherme nas misturas da fé e do estilo de música eletrónica.
Já depois da atuação, o padre Guilherme disse à Renascença ter sido “um momento especial”. “Aos jovens temos de dar o melhor que temos, não serve o ‘mais ou menos', e aqui deu-se o melhor”, afirmou.
O padre Hugo Gonçalves foi o responsável pela área artística da JMJ Lisboa e voltou a ter essa responsabilidade no "Rejoice!”. À Renascença diz ser fundamental este tipo de investimento por parte da Igreja. “Acreditamos que a cultura pode ser uma mediação muito boa para a transmissão da fé”, afirmou.
“Fazem-se coisas tão bonitas na área da música, que têm a ver com a fé, com a relação que temos com Deus, que acreditamos que temos que dar palco a isto, e divulgar essas linguagens”, esclareceu o padre Hugo Gonçalves.
Ainda antes das 20h00, já o sol se tinha posto no Parque das Nações e depois da atuação de Matay foram conhecidos os resultados do Festival da Canção Cristã. A vencedora foi a canção de Leiria Fátima “Chama Viva”. Lisboa ficou em segundo e Braga em terceiro.