“Não, não pode ficar tudo como antes” da pandemia – foi o apelo deixado por Carmo Caldeira, médica do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, convidada pelo Presidente da República para presidir às comemorações do Dia de Portugal, que este ano decorrem no Funchal.
“As desigualdades e o grau de disrupção social obrigam-nos a maior zelo e estudo de políticas sociais para o futuro”, afirmou a médica.
Carmo Caladeira terminou o discurso com um apelo aos responsáveis políticos: “É absolutamente urgente iniciar programas ousados e eficazes que nos conduzam à sustentabilidade, na saúde, na Segurança Social, no planeta. É nossa obrigação não deixar estas questões suspensas para as gerações vindouras.”
Para Carmo Caldeira, “educar é um imperativo” e educar para a saúde “é aprender não só a viver dentro dos recursos finitos da Terra, mas também a partilhá-los de forma equitativa”. Por isso, disse, é preciso “reconstruir, reeducar, reintegrar” com “abordagens inovadoras e consistentes”.
Carmo Caldeira citou Augustina para dizer que é preciso, não quem diz o que está errado, mas quem saiba o que está certo. Cada vez que se fez o que está certo, comemora-se “serenamente” o Dia de Portugal, afirmou a médica, que lembrou que, como noutras epidemias e pandemias, se colocaram “grandes desafios de gestão”, com divisões e desentendimentos, mas que nos seus rescaldos se deram saltos no saber e no fazer.
E citando a cientista Maria de Sousa, que morreu vítima de Covid-19, também lembrou que é preciso ter sempre a “humildade” de perceber que a ciência não dá todas as respostas.
“As pandemias desequilibram as sociedades, sendo preciso os cuidados médicos, mas também a logística”, disse a médica, que quis prestar homenagem não só aos colegas médicos, mas também às Forças Armadas pelo contributo no combate à Covid-19.
“Não pode haver lugar a apatias e desânimos”, pediu Carmo Caldeira no discurso que antecedeu a intervenção do Presidente da República.
As comemorações do 10 de Junho decorrem na Madeira e aguarda-se agora o discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A cerimónia decorre na Praça da Autonomia e na Avenida do Mar, no Funchal, e começou com uma homenagem aos mortos.
Em 2020, por causa da pandemia de Covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa cancelou as comemorações do 10 de Junho, que já estavam previstas para a Madeira e para a África do Sul, tendo optado por discursar no Mosteiro dos Jerónimos. Homenageou, nessa altura, os “heróis da saúde”.