O Ministério das Finanças reagiu esta terça-feira ao relatório da EY à gestão da CGD, entre 2000 e 2015, afirmando que “solicitou à administração da CGD que fossem efetuadas todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades que possam advir da informação constante do relatório”.
No relatório da EY está descrito que a Caixa Geral de Depósitos concedeu, durante os anos de crise, particularmente entre 2007 e 2012, empréstimos imprudentes em que não respeitou as boas práticas de concessão de crédito e nos quais perdeu 580 milhões de euros com os sete empréstimos sem garantias de maior envergadura.
Os empresários Joe Berardo e Manuel Fino, o grupo Artland e o negócio de Vale do Lobo são os "cabeças de cartaz" do buraco financeiro no banco do Estado.
Por outro lado, a gestão recebeu prémios, mesmo quando o banco tinha prejuízo.
Em resposta a questões da Renascença, o Governo esclarece que solicitou a realização de uma auditoria independente a atos de gestão da CGD entre 2000 e 2015 e no âmbito do exercício da sua função acionista.
O executivo de António Costa diz ainda que deu instruções à CGD para que o relatório fosse remetido ao Banco de Portugal e ao Mecanismo Único de Supervisão do Banco Central Europeu, bem como a outras autoridades judiciais, de inspeção, de supervisão ou em matéria tributária, caso os elementos do relatório se afigurassem relevantes para o exercício das suas atribuições.
O relatório de auditoria contém informação sujeita a sigilo bancário, segundo o Ministério das Finanças, motivo pelo qual “não é suscetível de disponibilização ao acionista”.
Ainda assim, o Governo solicitou à administração da CGD que fossem efetuadas “todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades que possam advir da informação constante do relatório”.
Por fim, o Ministério das Finanças garante que está “focado no presente e no futuro da CGD”, através da implementação do plano estratégico, para garantir “que a Caixa está em condições de exercer a sua função ao serviço da economia portuguesa”.
Já o Banco de Portugal, também em resposta à Renascença, diz que está limitado à supervisão prudencial, mas é responsável por avaliar a idoneidade dos gestores e o acesso à atividade e que por isso se preocupa essencialmente com aspetos do funcionamento interno das sociedades.
O Ministério Público ainda não respondeu à questão da Renascença sobre se recebeu ou não este relatório de auditoria.
Entretanto, o CDS-PP anunciou esta tarde o agendamento de um debate de atualidade sobre a CGD, que terá lugar no Parlamento na próxima quinta-feira, 31 de janeiro.
[Atualizado às 16h18]