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Foi um discurso emotivo. Depois da tensão gerada no congresso do CDS com o discurso de António Pires de Lima, foi Adolfo Mesquita Nunes quem subiu à tribuna para defender a diversidade de opiniões e a tolerância dentro do CDS e dizer que não se quer sentir a mais neste partido.
“Ninguém aqui é mais livre que ninguém”, começou por dizer Adolfo Mesquita Nunes, que reconheceu ter ouvido, ao longo da vida política, muitas coisas de que não gostou. “E nem por isso apupei”, disse, numa referência concreta à vaia a António Pires de Lima.
“Não gosto de ser chamado de direita do champanhe porque quando estava ao serviço do país, como secretário de Estado do Turismo, também estava ao serviço do CDS”, disse o ex-governante, que foi secretário de Estado de Pires Lima quando este foi ministro da Economia.
Já depois, Mesquita Nunes foi candidato à Câmara da Covilhã e conseguiu um crescimento de 500% na votação do CDS naquele concelho onde diziam que “alguém como o Adolfo” (referindo-se assim a si próprio numa alusão implícita à sua orientação sexual) nunca conseguiria fazer o partido crescer.
“Como é que se pode unir o partido com o argumento de que são uns são cobardes e outros são tachistas”, afirmou Adolfo Mesquita Nunes que lembrou que em várias ocasiões defendeu Francisco Rodrigues dos Santos.
“O meu percurso neste partido foi muitas vezes em desacordo, mas sempre com lealdade”, disse o ex-governante que, a dada altura, conseguiu silenciar o congresso.
“Nunca me senti a mais neste partido e não é hoje que me vou passar a sentir”, afirmou Adolfo Mesquita Nunes, que confessou que a acusação que mais o magoa é a de relativismo moral.
“Não tenho autoridade para dizer a ninguém que a sua moral é relativa”, disse para, depois de uma pausa e lembrando que nunca costuma invocar essa condição, concluir: “Nós os católicos prestamos contas a Deus e não aos dirigentes do CDS.”