O presidente da Associação Cultural de Músicos do Stop, Rui Guerra, pediu esta sexta-feira demissão do cargo, acusando a associação Alma Stop de tentar impor uma contraproposta para reabertura imediata do centro comercial no Porto, o que esta refutou.
No pedido de demissão, apresentado ao presidente da Assembleia Geral da Associação Cultural de Músicos (ACM) do Stop, e a que a Lusa teve acesso, Rui Guerra afirma que os últimos dias foram "marcados pela tentativa de imposição da contraproposta da associação Alma Stop à direção da ACM".
A Lusa tentou contactar Rui Guerra, mas até ao momento não obteve resposta.
Na missiva, Rui Guerra diz ainda que, num "comportamento antidemocrático", os membros da Alma Stop exerceram "pressões, ameaças e insultos, tanto telefonicamente, como através de redes sociais" e que poderá provar as acusações.
"Nunca na minha vida cedi a qualquer tipo de pressões pondo em causa a minha idoneidade e rigor. Simplesmente, não cedo", acrescenta, dizendo que se retira do cargo, mas espera a rápida abertura do centro comercial Stop.
Contactado pela Lusa, o presidente da Alma Stop, Bruno Costa, considerou a acusação "injusta e infundada".
"Temos associados da ACM que podem confirmar a colaboração entre as duas associações", acrescentou Bruno Costa, afirmando ter também "provas escritas" de que a direção da ACM concordou com a contraproposta enviada à câmara para a reabertura do Stop.
Também à Lusa, Miguel Paiva, associado da ACM Stop, afirmou que os associados da ACM foram apanhados de surpresa e que ainda não foram notificados sobre o pedido de demissão.
Miguel Paiva disse ainda que a contraproposta apresentada pela Alma Stop foi realizada "em colaboração e com o aval de vários membros da ACM", bem como de músicos e lojistas que não são sócios de nenhuma das duas associações.
A Associação Alma Stop enviou na quarta-feira uma contraproposta à câmara que, entre outras questões, solicita a reabertura imediata do espaço e aceita a criação de um alerta direto para o Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto de forma a "garantir uma resposta rápida em caso de emergência".
Em resposta à Lusa, a Câmara do Porto escusou-se a comentar a contraposta, lembrando que esperava uma posição comum e apelando a que os representantes se entendessem.
"O que ficou definido foi que esperávamos uma posição comum das duas associações que representam os músicos e os lojistas [do centro comercial Stop] após o acordo da administração do condomínio, pelo que não faremos neste momento qualquer comentário com relação ao documento enviado. Pedimos às duas associações que se entendam", afirmou a autarquia.
Mais de uma centena de lojas do centro comercial Stop foram seladas em 18 de julho pela Polícia Municipal por "falta de licenças de utilização para funcionamento".
Na sexta-feira, o presidente da Câmara, Rui Moreira, admitiu que o espaço poderia reabrir desde que cumpridas medidas de segurança, nomeadamente ter em permanência um carro de bombeiros, com cinco operacionais, mas não mais do que 12 horas.
O administrador do condomínio do Stop, Ferreira da Silva, assinou na segunda-feira o acordo da autarquia que compromete a administração a "adotar e fazer adotar comportamentos de segurança e de medidas de autoproteção e mitigação do risco de incêndio".
Como alternativa ao centro comercial, a câmara apresentou como soluções a escola Pires de Lima ou os últimos pisos do Silo Auto.