França tem um novo Governo, dois meses depois de uma crise política.O executivo fechado este sábado é liderado pelo primeiro-ministro Michel Barnier.
Pouco depois de ser anunciada pelo secretário-geral do Eliseu, Alexis Kohler, na noite deste sábado, o novo Governo, composto por 39 membros, começou a ser contestado duramente pela oposição.
Para Jordan Bardella, líder da Assembleia Nacional, de extrema-direita, este novo Governo "representa o regresso do macronismo" e "não tem futuro".
No outro extremo, o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon - cujo movimento, França Insubmissa, faz parte da coligação maioritária de esquerda na Assembleia Nacional - apelou a que os franceses se "livrem o mais rapidamente possível" deste Governo.
O novo executivo foi apresentado após 15 dias de negociações lideradas pelo recém-eleito primeiro-ministro, Michel Barnier.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, que dissolveu a Assembleia Nacional a 9 de junho, após a derrota nas eleições europeias, deu a sua aprovação à nova equipa após as negociações terminadas este sábado.
O executivo de Barnier terá de ccoordenar-se com a Assembleia fromada com as eleições legislativas antecipadas, fragmentadas em três blocos inconciliáveis: a esquerda, que ficou em primeiro lugar nos resultados eleitorais, mas está ausente do Governo; o centro-direita macronista; e a extrema-direita.
A primeira reunião de Conselho de Ministros realiza-se na tarde de segunda-feira e espera-se que Barnier faça uma primeira intervenção sobre política geral a 1 de outubro.
A prioridade do seu Governo será a aprovação do orçamento, numa altura em que a França se depara com uma dívida elevada e é alvo de um procedimento europeu por défice excessivo.
Entre as figuras proeminentes do novo Governo, conta-se o novo ministro do Interior, Bruno Retailleau, senador conservador desde 2004. Próximo da direita liberal-conservadora, defensora da "ordem", da autoridade" e da "firmeza", Retailleau pretende implementar uma política dura de imigração, um tema que preocupa os franceses e que inflama regularmente a discussão política.
Do lado dos macronistas, o centrista Jean-Noel Barrot foi nomeado para os Negócios Estrangeiros, depois de ter servido como ministro para os Assuntos Europeus desde fevereiro deste ano.
O ministro das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, leal ao chefe de Estado, e Rachida Dati, na Cultura, mantêm as pastas.
A única figura da esquerda é o novo ministro da Justiça, Didier Migaud.
Os ministros que compõem este novo executivo são:
- Antoine Armand, Ministro da Economia, das Finanças e da Indústria
- Didier Migaud, Ministro da Justiça
- Sébastien Lecornu, Ministro das Forças Armadas e dos Veteranos
- Bruno Retailleau, Ministro do Interior
- Jean-Noël Barrot, Ministro dos Negócios Estrangeiros
- Anne Genetet, Ministra da Educação
- Geneviève Darrieussecq, Ministra da Saúde e do Acesso aos Cuidados
- Paul Christophe, Ministro dos Assuntos Sociais
- Annie Genevard, Ministra da Agricultura e da Soberania Alimentar
- Agnès Pannier-Runacher, Ministra da Transição Ecológica e da Energia
- Guillaume Kasbarian, Ministro da Função Pública
Maud Bregeon, Porta-voz do Governo - Laurence Garnier, Ministra do Consumo
- Paul Christophe, Ministro da Solidariedade
- Astrid Panosyan-Bouvet, Ministra do Trabalho, do Emprego e da Integração
- Patrick Hetzel, Ministro do Ensino Superior e da Investigação
- François Noël Buffet, Ministro do Primeiro-Ministro para o Ultramar
- Gil Avérous, Ministro do Desporto, da Juventude e do Voluntariado
- Valérie Létard, Ministra da Habitação e da Renovação Urbana
- Sophie Primas, Ministra do Comércio Externo
- Agnès Canayer, Ministra da Família e da Primeira Infância
- Marc Ferracci, Ministro da Indústria
Os partidos de esquerda têm vindo a denunciar que o resultado eleitoral está a ser deturpado e não poupa críticas às opções políticas de Macron. A eurodeputada de esquerda radical Manon Aubry, acusando a equipa de Barnier de estar refém dos interesses da extrema-direita.
Ambientalistas e ativistas da França Insubmissa já se manifestaram este sábado em várias cidades de França a pedido de associações, organizações estudantis, ambientalistas e feministas, contra o governo Macron-Barnier e promete "aumentar a pressão popular".