As autoridades sanitárias brasileiras autorizaram hoje o reinício dos testes no país da eventual vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela norte-americana Johnson&Johnson, suspensa após um voluntário ter apresentado um efeito colateral adverso.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vinculada ao Ministério da Saúde, informou em comunicado que os testes com essa vacina podem ser retomados devido ao facto de a sua relação risco-benefício se manter favorável.
Os testes deste imunizante foram suspensos globalmente em 12 de outubro, logo depois de um voluntário nos Estados Unidos da América (EUA) ter apresentado "uma reação adversa grave".
“Após avaliar os dados desse evento adverso, as informações do Comité Independente de Segurança e os dados do órgão regulador dos Estados Unidos (Food and Drugs Administration, FDA), a Anvisa concluiu que a relação risco-benefício se mantém favorável e que o estudo pode ser retomado", diz o comunicado.
A agência brasileira recordou que autorizou a aplicação da vacina Johnson&Johnson em cerca de 7.560 voluntários, em 11 dos 27 estados brasileiros, mas que até ao momento da suspensão do estudo havia sido aplicada em apenas 12 pessoas no Rio de Janeiro.
Ao anunciar a interrupção dos exames em todo o mundo, a multinacional esclareceu que os "eventos adversos, inclusive os graves, são uma parte esperada de qualquer estudo clínico, principalmente quando realizados com muitos voluntários".
Segundo a Anvisa, as reações adversas estão previstas em testes clínicos, mas quando são graves "exigem a paralisação de todo o estudo e que se investigue o facto antes do reinício das provas".
A agência acrescentou que, caso seja identificada alguma reação grave nos voluntários brasileiros, adotará as medidas preventivas previstas nos protocolos do estudo.
A vacina da Johnson&Johnson, Ad26.COV2-S, é uma das quatro que até agora receberam autorização da Anvisa para serem testadas no Brasil na fase três das provas, ou seja, de forma massiva em voluntários.
Os outros imunizantes autorizados são os desenvolvidos pelo laboratório chinês Sinovac, o do consórcio multinacional Pfizer-BioNTech e o produzido em associação pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford.
Além dessas quatro vacinas autorizadas, dois governos estaduais do Brasil firmaram acordos com autoridades russas para que a vacina contra o coronavírus, conhecida como Sputnik V, também seja testada no país.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,5 milhões de casos e 160.253 óbitos), depois dos EUA.
A pandemia já provocou mais de 1,2 milhões de mortos e mais de 46,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.