O secretário-geral do PS considerou esta segunda-feira que seria irresponsável decidir agora se vai continuar na liderança depois de 2023 e prometeu não apoiar nenhum candidato à sua sucessão, nem criar "um deserto" político à sua volta.
Estas posições sobre o futuro do PS após 2023 foram assumidas por António Costa em entrevista à TVI no espaço do jornalista Miguel Sousa Tavares e que durou cerca de uma hora.
"Em 2023 tomarei a decisão sobre o que farei. Acha que alguém responsável, num momento em que ainda estamos a atravessar uma pandemia, em que temos desafios grandes pela frente, toma em 2021 uma decisão dessa gravidade e dessa relevância a dois anos de distância?", questionou o líder socialista perante a insistência do entrevistador na questão da sua eventual recandidatura ao cargo de secretário-geral do PS.
António Costa prometeu depois que, quando decidir sair da liderança dos socialistas, não designará sucessores.
"Não apoiarei A, nem B, nem C. No dia em que decidir sair não apoiarei ninguém. Pelo contrário, tenho-me empenhado bastante -- e acho que esse é o meu dever -- de não criar deserto à volta. Procuro os melhores quadros e dar a oportunidade para que todos e todas possam crescer, afirmar e desenvolver. Na altura em que tiver de haver um sucessor, que o PS possa ter então muitas escolhas e não esteja com dificuldade", declarou.
Interrogado se, durante o congresso do PS, procurou lançar a candidatura da ministra da Saúde, Marta Temido, ao cargo de líder dos socialistas dentro de dois anos, juntando este nome aos de Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva, António Costa disse que todos deveriam perceber que isso se tratou de "uma ironia".
"É preciso um país estar muito obcecado em inventar casos para não se perceber o que é uma resposta de ironia. Estavam a falar que este é sucessor, aquele é sucessor. E então a ministra da Saúde? E eu disse também é, porque recebeu o cartão [do PS]. Foi uma resposta de ironia", justificou.
Confrontado com a notícia do semanário Expresso, de sábado passado, segundo a qual o Presidente da República prevê que António Costa saia em 2023 das funções de primeiro-ministro, o líder socialista comentou que "não é analista de analistas e muito menos de uma manchete que é feita com base numa fonte anónima".
"Nem vou por aí", advertiu, antes de reiterar a ideia de que só em 2023, no final da presente legislatura, avaliará se vai recandidatar-se à liderança do PS e ao cargo de primeiro-ministro para novo um mandato de quatro anos.
"Em 2023, vou fazer aquilo que qualquer responsável político tem a obrigação de fazer, que é avaliar. E falarei também com a minha mulher para saber o que acha da nossa vida. Ouvirei o PS e também os portugueses", disse.
Neste ponto, António Costa insistiu que consigo não haverá qualquer tipo de tabu e que tomará a decisão sobre a sua continuidade no cargo de secretário-geral do PS "na altura própria".
"Acho que nunca tomei uma decisão errada sobre o que devia fazer e o que não devia fazer. Até agora não me arrependi. Estou agora a falar sobre decisões sobre se ou quando concorro. Sobre outras decisões, obviamente já errei", salientou.