O Presidente da República apelou esta terça-feira “à boa-fé” de Governo e sindicatos de professores, na véspera de começar mais uma ronda negocial.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas no Infarmed, em Lisboa, espera que o encontro seja pautado por “conversas construtivas”.
“Considero positivo já se ter percebido aquilo que está resolvido, o que não está resolvido, mas talvez seja fácil resolver e aquilo que vai ser difícil resolver. E agora vamos ver como é que correm as conversas. Têm de ser conversas de boa-fé, de parte a parte, têm de ser conversas construtivas", afirmou.
Considerando “justas” as reivindicações dos professores, como “a proximidade da residência, do domicílio em relação à escola onde vão lecionar” ou “a burocracia", o Chefe de Estado espera para ver, mas alerta que a situação, tal como está, “não interessa a ninguém”.
“Eu não penso que seja um problema do ministro A, B, C, D ou E. A posição é do Governo. Não há um ministro e um primeiro-ministro. Portanto, muitas das soluções implicam decisões de vários ministérios, nomeadamente das Finanças. Vamos ver como é que correm as conversas, têm de ser conversas de boa-fé, de parte a parte. Altos e baixos, avanços e recuos, não interessa a ninguém”, sustentou, pedindo que se atente no interesse dos portugueses.
“Eu espero, com este estado de espírito, o Governo, o primeiro-ministro, o ministro, secretário de Estado, os responsáveis pelo Ministério da Educação, no que depender de outros ministérios, os seus governantes, e os sindicatos, ponderem aquilo que está na cabeça de todos os portugueses”, ou seja, “começam a ter problemas gravíssimos, ir buscar filhos, não ir buscar filhos, alunos em ensino especial, penso que todos tem a ganhar, em que este diálogo corra bem”, observou.
Marcelo reconhece que as reivindicações financeiras dos professores é a matéria mais complicada de resolver, resta saber qual é a margem de manobra financeira do Governo para responder ao que pedem os sindicatos pedem.
“A mais complicada é aquela reivindicação que vem detrás e tem a ver com o congelamento, não das progressões, porque já foi desbloqueado, mas o congelamento no passado, durante algum tempo, o número de anos relativamente às carreiras dos professores. Essa é mais complicada, são mais de seis anos, e tem implicações financeiras”, lembra.
O Presidente da Républica diz desconhecer “o espaço de manobra de que dispõe o Governo”, e lembra que “os governos anteriores acabaram por, invocando crises sucessivas, não dispor de espaço de manobra”.
“Se há agora ou não”, o importante é “ir de forma faseada enfrentando esse problema”, refere, lembrando que o país enfrentou dois anos perdidos na educação por causa da pandemia e que os portugueses estão a assistir à possibilidade de ter greve dos professores até ao Carnaval.