Uma nova passagem fronteiriça entre o Canadá e os Estados Unidos da América (EUA) está bloqueada por manifestantes que se opõem às restrições sanitárias, disseram esta quinta-feira fontes policiais locais, quatro dias depois do bloqueio da ponte Ambassador em Ontário.
"Uma manifestação com um grande número de veículos e equipamento agrícola está a bloquear o porto de entrada de Emerson", que liga Manitoba ao estado norte-americano da Dakota do Norte, publicou a polícia da província canadiana de Manitoba na rede social Twitter, acrescentando que "não é possível nenhuma circulação, nem para norte nem para sul".
Ao mesmo tempo, uma caravana de veículos está a dificultar o trânsito em redor do aeroporto internacional de Otava (capital canadiana), segundo a polícia.
Iniciado no final do mês passado, este movimento, apelidado de "Freedom Convoy" ("Comboio da liberdade"), visava inicialmente protestar contra a decisão das autoridades canadianas de exigirem, desde meados de janeiro, que os camionistas fossem vacinados contra a Covid-19 para atravessar a fronteira entre o Canadá e os EUA, mas rapidamente transformou-se num movimento contra as medidas sanitárias em geral para evitar a propagação da pandemia e também, para alguns, contra o Governo liderado por Justin Trudeau.
A medida em questão afeta cerca de apenas 15% dos camionistas que ainda não se vacinaram, de acordo com a Aliança Canadiana de Camionagem, um grupo que agrega as associações de camionistas.
No entanto, grupos que contestam outras medidas de saúde pública adotadas pelas autoridades canadianas, desde os "passaportes Covid" até à limitação de público em estabelecimentos comerciais, uniram-se à coluna de camiões que percorreu o Canadá, desde o oeste do país até Otava (este).
Durante quase duas semanas, os manifestantes têm vindo a paralisar a capital, Otava, bloqueando as ruas no centro da cidade e agora também pontos estratégicos nas autoestradas.
A sul de Ontário, a ponte Ambassador, que liga Windsor, no Canadá, a Detroit, nos Estados Unidos, está fechada desde segunda-feira.
Este ponto de passagem é crucial para a indústria automóvel e também para os hospitais norte-americanos, que empregam muitos enfermeiros canadianos, registando diariamente uma circulação de cerca de 40.000 pessoas e um tráfego de mercadorias avaliado em 323 milhões de dólares (282 milhões de euros).
Milhares de quilómetros a oeste, a passagem fronteiriça de Coutts, entre Alberta, no Canadá, e Montana, nos EUA, está também bloqueada por manifestantes há mais de uma semana.
Este movimento de contestação está a ter repercussões na Europa, com manifestações inspiradas no "Freedom Convoy" a serem convocadas na Bélgica e na França, protestos, entretanto, proibidos pelas autoridades locais.