O aeroporto Sá Carneiro, no Porto, pode servir de válvula de escape a Lisboa na atual situação de congestionamento? A ideia do presidente da Câmara do Porto não é consensual como muitas das questões relacionadas com o processo do novo aeroporto.
Luís Coimbra, antigo presidente da NAVE, não concorda com a proposta de Rui Moreira, manifestada em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e do jornal Público.
O coordenador dos estudos para a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa considera que o Aeroporto Sá Carneiro não seria uma boa válvula de escape - ainda que transitória - desde logo para a TAP.
O antigo presidente da NAVE argumenta que só a transferência da manutenção para o Porto seria "absurda do ponto de vista financeiro".
Quanto às companhias estrangeiras, Luís Coimbra lembra que são livres de voarem para onde quiserem, é o mercado a funcionar.
“Eu não posso concordar com o meu amigo Rui Moreira, porque aqui é o mercado a funcionar. Lisboa está saturada nas horas de ponta, mas tem ainda muitas horas para aguentar o crescimento de tráfego que deseja ir para Lisboa”, argumenta.
Luís Coimbra considera que “se arrancar já para a construção do aeroporto de Alcochete, mesmo sem o absurdo de se fazer um aeroporto complementar no Montijo, Lisboa tem a capacidade e espaço para aviões, vão ser construídos mais stands para estacionamento de aviões”.
Os passageiros não podem ir de Lisboa ao Porto, por exemplo, para apanhar um voo intercontinental? O antigo presidente da NAVE tem muitas reservas.
“Ninguém impede as companhias estrangeiras de frequentar o Porto, a opção é delas. A maioria dos passageiros tem origem e destino na Área Metropolitana de Lisboa, não é na Área Metropolitana do Porto”, responde Luís Coimbra.
Já para Francisco Ferreira, presidente da organização ambientalista ZERO, a ideia de Rui Moreira faz todo o sentido.
“Eu acho que Rui Moreira tem razão, tal como tem razão o presidente da Câmara de Beja ao falar na inclusão do aeroporto de Beja. O que as associações de ambiente têm vindo a dizer é que na definição de âmbito da avaliação ambiental estratégica eu devo olhar para infraestrutura aeroportuária de Lisboa com as suas interligações a aeroportos já existentes”, defende Francisco Ferreira.
O presidente da ZERO diz que é preciso olhar para todas as alternativas em conjunto, nem que seja durante um período de transição.
“Eu até posso chegar à conclusão que para determinado segmento específico, em determinada altura do tempo, eu posso ter aqui um complemento importante de Beja ou do Porto. Estamos aqui a falar de uma eventual fase de transição, de infraestruturas que dão uma resposta de emergência.”
Francisco Ferreira considera que é preciso uma “visão nacional das nossas infraestruturas aeroportuárias e como elas se ligam umas com as outras”.