As primeiras imagens coloridas e espetros obtidos pelo telescópio espacial James Webb, que vão ser revelados na terça-feira, reportam-se a cinco objetos cósmicos, incluindo uma das maiores e mais brilhantes nebulosas e um planeta extrassolar gigante.
A lista dos cinco objetos cósmicos foi hoje divulgada em comunicado pela Agência Espacial Europeia (ESA), parceira do James Webb, o maior e mais potente telescópio espacial, em órbita desde janeiro.
A revelação das imagens, cujo número e detalhe não foi mencionado, marca o início das operações científicas do James Webb, que junta as colaborações da ESA e das congéneres norte-americana (NASA), líder do projeto, e canadiana (CSA).
A seleção das imagens e dos espetros que hão de ser divulgados na terça-feira ficou a cargo de um comité de representantes da NASA, ESA e CSA e do Space Telescope Science Institute, centro de operações científicas do telescópio, nos Estados Unidos.
Um dos objetos cósmicos captados pelo James Webb é a Nebulosa Carina, uma das maiores e mais brilhantes nebulosas no céu, localizada a cerca de 7.600 anos-luz da Terra, na constelação Carina.
A Nebulosa Carina abriga muitas estrelas com uma massa várias vezes superior à do Sol.
Do planeta WASP-96b, descoberto em 2014, será revelado o seu espetro. Trata-se de um planeta gigante fora do Sistema Solar, composto principalmente por gás e localizado quase a 1.150 anos-luz da Terra. Orbita a sua estrela a cada 3,4 dias.
A lista de "alvos" do James Webb inclui, ainda, o Quinteto de Stephan, um grupo de cinco galáxias situado a 290 milhões de anos-luz da Terra, na constelação Pegasus, a Nebulosa do Anel Sul, uma nuvem de gás que rodeia uma estrela moribunda, e o corpo celeste SMACS 0723, onde "grandes aglomerados de galáxias em primeiro plano ampliam e distorcem a luz dos objetos atrás deles, permitindo uma visão de campo profundo das populações de galáxias extremamente distantes".
O telescópio James Webb tem o nome de um antigo administrador da NASA e foi enviado para o espaço em 25 de dezembro, após sucessivos atrasos, num foguetão de fabrico europeu. Está em órbita a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.
Antes de poder iniciar os seus trabalhos científicos, o telescópio passou por um período de seis meses dedicado à calibração dos seus instrumentos no espaço e ao alinhamento dos seus espelhos.
A astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da ESA, em Espanha, é responsável pela calibração de um dos quatro instrumentos do James Webb, participando na campanha de preparação das observações com fins científicos.
Vários cientistas portugueses estão envolvidos em projetos de investigação que implicam tempo de observação com o telescópio.
Os astrónomos esperam com o James Webb obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas, mas também sobre a formação de planetas.