O Papa Francisco recordou, esta segunda-feira, o “silêncio ensurdecedor” do campo de concentração nazi de Auschwitz, onde esteve em Julho de 2016, considerando o mal como fruto da “indiferença”.
“Recordo este silêncio ensurdecedor de que me apercebi na minha visita a Auschwitz-Birkenau: um silêncio inquietante, que apenas deixa espaço para as lágrimas, à oração e ao pedido de perdão”, disse, ao receber no Vaticano os participantes numa conferência internacional contra o antissemitismo.
A iniciativa sobre a “luta contra o antissemitismo e os crimes ligados ao ódio antissemítico” decorre no ministério italiano dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, em colaboração com a OSCE e responsáveis da comunidade judaica na Itália.
O Papa partiu da palavra “responsabilidade”, que mais do que analisar as causas da violência implica “estar prontos e activos” na resposta.
“O inimigo contra quem lutar não é apenas o ódio, em todas as suas formas, mas, ainda mais na raiz, a indiferença; porque é a indiferença que paralisa e impede de fazer o que é justo”, precisou.
Francisco falou da indiferença como um “vírus” que contagia os dias de hoje, “tempos nos quais estamos cada vez mais ligados aos outros, mas cada vez menos atentos aos outros”.
O discurso evocou o episódio bíblico dos irmãos Caim e Abel, após o assassinato deste último.
“Caim, que tinha assassinado o irmão, não responde à pergunta [de Deus]”, referiu, “não lhe interesse o irmão”.
Segundo o Papa, é nesta indiferença que está “a raiz perversa, a raiz de morte que produz desespero e silêncio”.
O pontífice evocou o Dia da Memória, celebrado a 27 de Janeiro, data de libertação do campo de Auschwitz-Birkenau, considerando que a memória “é a chave de acesso ao futuro”.
Francisco citou São João Paulo II para renovar os votos de que a “inenarrável iniquidade da Shoah nunca mais seja possível”.