D. Manuel António dos Santos foi escolhido em 2006 para bispo de São Tomé e Príncipe. Nascido em Lamego, missionário claretiano, foi ordenado em Fátima em Fevereiro de 2007. Aos 57 anos é imagem de simplicidade numa terra onde, como diz, a Igreja é pobre como são pobres os santomenses, mas é essa mesma Igreja que dá o maior apoio social à população.
Em entrevista à Renascença, durante a visita do Presidente da República Portuguesa àquele país, D. Manuel António dos Santos pede aos católicos portugueses ajuda para as obras sociais como aquele que o Presidente visitou e que está a cargo das Franciscanas Hospitaleiras.
Em linhas gerais que retrato faz da Igreja em São Tomé?
Tem aspetos de vida, de renovação, de mudança. Há uma grande quantidade de grupos religiosos que se têm instalado em São Tomé e que são um desafio, sem dúvida, mas que acabam por ser expressão também da cultura tradicional de São Tomé, uma cultura sempre algo mágica, mesmo quando ligada à religião católica. É ao mesmo tempo uma Igreja de esperança. Já começamos a ter sacerdotes locais, a ter vocações religiosas locais. É uma Igreja muito jovem porque a própria sociedade é jovem e, portanto, é uma Igreja onde há que apostar de facto nesta juventude, nestas crianças, acreditando que vai continuar sempre a ser uma igreja ao serviço deste povo.
E quais são as maiores dificuldades?
A pobreza. O grande problema deste país é, de facto, a pobreza e a Igreja sofre também essa mesma realidade. Não é fácil - com as deficiências económicas que o país enfrenta e a pobreza generalizada que a própria comunidade vive – a Igreja ter capacidade para dar resposta aos desafios que lhe são colocados. Apesar de tudo, continua a ser a maior presença de apoio social que existe no país.
A Igreja santomense tem apoios vindos de onde para conseguir ajudar a ultrapassar essa pobreza?
Nos projetos de luta contra a pobreza que aqui temos o grande benfeitor é a cooperação portuguesa, há que reconhecê-lo. Depois, vamos tendo apoios de algumas associações, até mesmo portuguesas, de algumas entidades particulares e também da Ajuda à Igreja que sofre e de algumas instituições alemãs. E da própria igreja portuguesa, uma vez ou outra, também conseguimos algum apoio. Mas os desafios são tantos que, por mais que sejam os apoios, sabe-nos sempre a pouco.
Disse que já começam a ter sacerdotes locais. Como é feita a formação?
Temos alguns seminaristas em Portugal, quase todos os anos tem ido pelo menos um seminarista para lá. Continuamos a enviar seminaristas para Luanda e para Benguela. Neste momento, a nível de filosofia e teologia, estamos com 19 seminaristas que, penso, dentro de um mês serão 24.
Se pudesse pedir alguma coisa aos católicos portugueses, o que pediria?
Duas coisas. Primeiro, apoio para as nossas obras sociais. Depois, se me quiserem apoiar como Igreja, se me apoiarem na formação dos meus seminaristas já seria um ótimo apoio.